Olho essa boca e, a princípio, num lance imediato, percebo suas imperfeições atuais: lábios menos rígidos, ausência de alguns dentes, a própria cor mais desbotada… tudo denotando uma imperfeição, uma diferença, se comparada a essa mesma boca em tempos já idos… Mas eis que, de repente, como que ao ouvir meus pensamentos e a adivinhar o meu olhar, ela me beija… com ímpeto, com calor, com comando, com a mesma e perfeita docilidade com que um dia me arrebatou, fazendo-me percorrer caminhos ainda não descobertos do prazer divino e sensual. A temperatura é a mesma, o sabor, o mesmo, o requinte, o mesmo… Aí, então, eu me pergunto: onde fica e o que é a perfeição?
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2 comentários:
Comentário por Luiz de Almeida Neto — 16 dezembro 2008 @ 8:39
Eh bem melhor mesmo quando o conceito de “perfeição” se esvai e nunca mais volta à nossa consciência. Afinal eu concordo que ele só exista em nossos tempos para nos atormentar. Só me desculpa aí, até de comentar uma coisa dessas… Foi mal… Mas é que… tipo “a ausência de alguns dentes”, pra quem não conhece a pessoa de que trata o texto, gera uma visualisação meio estranha e engraçada. Desculpa. É só um comentário.
Comentário por Ana — 1 janeiro 2009 @ 12:02
Faz pensar seriamente sobre os conceitos estabelecidos.
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