Minha alma… Era clara, feliz, saltitante, sorridente. Curiosa, muito curiosa e tagarela. De tão leve, quase saía de mim e me deixava só. De tão leve, invejava os vapores da chaleira todas as vezes. A primeira vez que experimentei a nostalgia foi por causa dela. Fomos - minha alma e eu - à praia; lá, eu me afoguei e ela voou por sobre o mar e os morros e a areia; para sua infelicidade, fui salva e eu e todos ouvimos sua voz: “Por que me fizeram voltar?”. Ela trouxe para mim então sentimentos desconhecidos: saudade, frustração e a consciência de um corpo habitado.
Assim era minha alma, ela que é alguém dentro de mim, diferente do que sou, diferente do que sinto. Minha alma é grandiosa, benevolente, compreensiva, flexível, se move como um fantasma de desenho animado e fala com a certeza dos presidentes. Minha alma é uma aranha sobre as águas do mundo: não molha os pés nem se afoga. Minha alma e eu não somos um ser único porque ninguém é um com sua alma.
Ninguém ama sua alma: quem a vislumbra, se apaixona, morre por ela. Vive mil anos e não a conhece, enquanto ela o escolhe antes de nascer e rola de rir de seus passinhos indecisos, de seu dedo na tomada, admira suas coragens de infância, protege dos perigos mais sérios e, um belo dia, se apresenta a você de alguma forma. Felizes são os que a reconhecem, pois saberão para sempre que têm dentro de si um universo indestrutível, infalível, eterno de possibilidades, com a sabedoria das leis da natureza e a liberdade que ninguém jamais experimentou.
A alma é sonho vivo, é outra dimensão, é tranqüilidade em movimento, é força sem tensão. A alma é a vida que não possuímos em nossas mãos, é o princípio… e fim.
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Assim era minha alma, ela que é alguém dentro de mim, diferente do que sou, diferente do que sinto. Minha alma é grandiosa, benevolente, compreensiva, flexível, se move como um fantasma de desenho animado e fala com a certeza dos presidentes. Minha alma é uma aranha sobre as águas do mundo: não molha os pés nem se afoga. Minha alma e eu não somos um ser único porque ninguém é um com sua alma.
Ninguém ama sua alma: quem a vislumbra, se apaixona, morre por ela. Vive mil anos e não a conhece, enquanto ela o escolhe antes de nascer e rola de rir de seus passinhos indecisos, de seu dedo na tomada, admira suas coragens de infância, protege dos perigos mais sérios e, um belo dia, se apresenta a você de alguma forma. Felizes são os que a reconhecem, pois saberão para sempre que têm dentro de si um universo indestrutível, infalível, eterno de possibilidades, com a sabedoria das leis da natureza e a liberdade que ninguém jamais experimentou.
A alma é sonho vivo, é outra dimensão, é tranqüilidade em movimento, é força sem tensão. A alma é a vida que não possuímos em nossas mãos, é o princípio… e fim.
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9 comentários:
Comentário por eztrelinha — 10 fevereiro 2009 @ 18:32
Adorei o texto. Muito bem escrito, imaginação prodigiosa! Continue a postar
Comentário por Ana — 10 fevereiro 2009 @ 20:19
Eztrelinha:
Muito obrigada mesmo pelo elogio!
Passei pelo seu blog e vi que você escreve muito bem!
Vem pro Duelos você também! Vem! (rsrsrs)
Um beijão!
Comentário por Ana — 10 fevereiro 2009 @ 20:21
Ah! Só pra complementar: eu mando um post por dia. Tô diariamente aqui: chova ou faça sol, dia santo e feriado, no Natal e Carnaval…
Mais beijos e obrigada de novo!
Comentário por Alba — 10 fevereiro 2009 @ 23:35
Ana:
Todas as vezes que releio este texto aprendo ainda alguma coisa. É comovente e só podia ter sido escrito por alguém com sua evolução espiritual.
Um beijo.
Comentário por Bruno D´Almeida — 10 fevereiro 2009 @ 23:42
Clap, clap, clap! Palmas de pé! Belíssimo texto, você escreve muito bem em prosa, as metáforas lúdicas são muito bem colocadas. Você pintou um substantivo abstrato de cores tão vivas e reais, que conseguiu vislumbrar os múltiplos significados da palavra alma.
Fiquei com vontade de escrever uma crônica sobre uma alma que largou o dono do trabalho e foi passear na praia. Caso consiga fazê-la, dedicarei a você.
Estava lendo seus posts acima, gostaria de escrever todo dia, mas não consigo. A crônica precisa ficar maturando na cabeça por dias, e quando sinto que ela está pronta eu sento e escrevo rapidinho.
Mais uma vez, parabéns pelo texto! Eu gosto dos seus poemas, mas seus textos em prosa me tocam muito mais.
Um grande abraço,
Bruno D´Almeida
Comentário por Ana — 11 fevereiro 2009 @ 0:06
Alba:
Muito obrigada pelo elogio… Minha alma está vexada…
Evolução espiritual, eu?!!! Você por acaso já leu alguma das minhas respostas à Raquel, a xavante nipônica? Se ler, vai ver que estou muito longe disto!
rsrsrs
Um abraço!
Comentário por Ana — 11 fevereiro 2009 @ 7:54
Bruno:
Primeiramente, muitíssimo obrigada por seus elogios tão elogiosos (rsrsrs). Tô tão envergonhada que vou me esconder que nem um tatuí…
Eu gosto deste meu texto (embora considere que precisa ser melhorado), e não me sinto constrangida ao dizer isso porque tenho quase certeza que ele adveio de uma possessão. rsrsrs
Os outros que tenho não considero muito bons.
Eu escrevo todos os dias porque é muita bobeirinha, é fácil fazer versinhos engraçados rimando inho, al, el, ada, osa… Não é coisa séria, bem feita, de gente grande. E, vamos combinar: a Raquel é inspiradora!
Faça a crônica, sim! Ela vai ficar demais! Já estamos todos (garanto o todos) curiosos e ansiosos! Ai! Vai dedicar à minha humildérrima pessoa?!!!! Com autógrafo e tudo? Ai, eu sou sua fã de carterinha! Acho que vou desmaiar!
Desmaiei.
Comentário por Bruno D´Almeida — 12 fevereiro 2009 @ 13:14
Quando fizer a crônica com certeza dedicarei a você!
Estou aqui rindo sozinho na frente do computador, as pessoas devem achar, e com toda razão, que eu sou um maluco. Você é uma figura!
Beijos,
Bruno.
Comentário por Ana — 12 fevereiro 2009 @ 14:30
hihihi…
(Tatuí rindo de dentro da areia, lendo sua resposta em seu minilaptop à prova d’água).
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