que é grande como o quê
lá tem árvores e sombra,
e dá p’ra rodar bambolê.
Nessa mesma escola aprendi
a escrever o bê-a-bá.
Hoje, ouço daqui os recreios
e a criançada a gritar.
Quando eu ouço a meninada
fazendo bagunça adoidado,
penso numa coisa boa
e o coração fica apertado.
É que nessa escola, agora,
estuda um lindo garotinho
que é fofo, branco, magrinho,
que eu chamava “biscoitinho”.
Depois ele virou biscoito
Porque, de repente, cresceu…
Do jeito que está espichando
ficará maior que eu.
Logo depois, outro segundo,
virou um lindo garotão,
esticou uma vez ainda,
e eu chamei de biscoitão.
Eu sou sua “tia Ana”,
que não gosta de ouvir: -“Tia”.
Porque tias existem muitas:
na escola, na rua, família…
Quando ele me chama assim,
meus ouvidos dão um nó,
eu faço ameaça, careta
e respondo assim: -“Óóóóóóó…”
Esse menino-biscoito,
branquinho como polvilho
hoje tem sardas lindas
e nos olhos tanto brilho!
Pois é por isso que eu,
que não posso mais ir vê-lo,
fico triste de dar dó
quando ouço, no recreio,
as vozes das criancinhas
e imagino o biscoitão,
já tão crescido brincando
no meio da berração.
Não posso vê-lo, nem nada,
e ele não vem me ver.
Estas coisas do destino
que não se consegue entender…
Às vezes eu vou à janela
e vejo as crianças sentadas
esperando a mamãezinha,
a titia ou a empregada.
Imagino que um dia
alguém pode se atrasar
e eu verei o biscoitinho,
sentadinho a esperar.
Meu coração bate forte,
olho, olho e nada vejo.
Deixo, então, para amanhã,
talvez, realizar meu desejo.
Mesmo que fosse de longe,
queria ver Ronier.
Sei que está lindo de morrer,
queria ver como é que é.
Dá um vazio por dentro,
uma tristeza calada,
é tanta falta que eu sinto…
uma saudade danada…
Lembro o sorriso, olho a foto,
é uma judiação!,
choro um pouquinho de nada
p’ra aliviar o coração.
Em breve ele vai mudar
p’ra longe, um lugar bom,
para perto da vovó
com a mamãe e o irmão.
Não sei como irei vê-lo,
ficará tão mais difícil!
Será mesmo absoluto
impedimento, impossível!
Mas, assim que eu tiver um quarto
todo espaçoso e arrumado,
enquanto eu trabalho duro,
vou pôr seu retrato a meu lado.
Olharei sempre pra ele
junto a tantas outras fotos
de gente que também amo…
o meu sentimento remoto.
Pensarei sempre em você,
querendo que esteja sorrindo
naquele momento e sempre,
do jeito que eu acho lindo.
Aproveitando essa vida
da melhor forma possível,
pois tem tantas coisas boas
e pode ser tão incrível.
Desejarei sempre assim,
só pensando positivo
a quem será sempre, pra mim,
o meu biscoito preferido.
Ah! Meu biscoito querido,
adorado biscoitão…
Quanta saudade que eu sinto
dentro do meu coração!
.
4 comentários:
Comentário por Alba — 17 janeiro 2009 @ 15:41
Não consigo ler sobre o biscoitão sem chorar. É lindo demais ver tanta ternura e profundidade de sentimentos.
Comentário por Raquel — 24 janeiro 2009 @ 18:27
Lindo de viver, lindo de sorrir, lindo de chorar, lindo de sentir… que sensibilidade!!!!
Lindo, lindo, lindo!!!
Ana, duelos à parte, gostaria de um dia te conhecer!!!
Abraços, Raquel Aiuendi.
Comentário por Ana — 25 janeiro 2009 @ 16:51
Alba:
Muito obrigada por suas palavras…
Comentário por Ana — 25 janeiro 2009 @ 16:52
Raquel:
Agradeço seus elogios, mas acho melhor a gente não se esbarrar, porque a coisa tá feia!!! rsrsrs
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