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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Post Inesquecível do Duelos - Indicado por Alba Vieira

Gostaria de destacar este maravilhoso texto da Ana, carregado de emoção e força na narrativa da desolação em que vivem tantas crianças tão perto de nós, despercebidas na sua miséria num cotidiano de dor pungente.
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ESTUPROS INCESTUOSOS
(ANA)


Estou caminhando por entre paredes de casas infernais, onde encontro crianças ingênuas e envergonhadas que desejam cobrir sua nudez com possibilidades inexistentes. Convivo com demônios vorazes, gargalhantes e locupletados que avançam cruéis ante a discordância e a ação protetora. Estou só. Passos isolados, de um cômodo a outro, buscando tecidos que escondam a carne que provoca fome nos olhos injetados de desejo. Sou a que não nega o que existe, a que enfrenta, com medo e asco, todos os detalhes cotidianos de uma vivência homicida. Há palavras e atitudes que matam aos poucos, um horror interminável que se refina com o desenrolar dos prazeres experienciados. Há desespero mudo, contido, suicida, imerso numa eterna noite de flagelos e gritos lancinantes das almas para o céu dos desenganados. Há revolta que se engole inteira, enorme, rasgando por dentro e que se alastra pelo corpo, tornando-o, torneando-o, transformando-o, transpassando-o e transfigurando-o. Há satisfação e alegria que saem de bocas gozantes, de peles gordurosas, de cheiros detestáveis, de salivação excessiva que escorre sobre os limpos. Há crianças tocadas, roçadas e soterradas. Há crianças enterradas vivas torturadas nos quintais e sob os alicerces destas casas. Há crianças mal formadas, mal queridas, mal tratadas. Crianças e demônios e nenhum olhar. Crianças e demônios isolados do mundo, participando de uma festa particular. Crianças que nasceram para o prazer, para a luxúria e a tortura. Crianças que vieram para as delícias da carne, para a secreta volúpia do sexo e da dor. Crianças com sangue e corpos tenros que fazem brilhar os caninos sedentos. Demônios... compreendem-se os demônios. Existem. Mas... crianças? tantas? Que permissão admitiria este cárcere dantesco, esta orgia fúnebre? Que força no universo senão a do acaso e da ausência de lógica? Imolam-se os cordeiros sem tirar-lhes a vida apenas pela perpetração do prazer selvagem. Sem altar, sem ritos, apenas profanação e carnificina. Eu cuido das inocências ensanguentadas, chorando vergonha e pavor. Que lugar é este, me pergunto, que lugar é este?
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