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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Distração para 2016 - por Gio

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Numa roda de amigos em um bar - engraçado como quase todos os assuntos acabam surgindo nesse tipo de ambiente -, me perguntaram se eu era a favor de o Brasil (representado pelo Rio) sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Não que a minha opinião miserável tenha o poder de mudar a decisão do COI; meus amigos se interessam por ela, e isso basta. Contra todas as expectativas, a minha resposta foi um sonoro “Sim!”.


Pera, um “sim” foi contra as expectativas? E toda aquela euforia do povo brasileiro, com comemoração até em Salvador?

Talvez seja estranho, para quem vê isso de fora do Brasil (e eu diria até para muitos aqui de dentro, mesmo). A questão é que eu não gosto dos efeitos colaterais que esse tipo de evento causa no povo brasileiro. Mais exatamente, não gosto do poder que eles têm de causar desatenção nas pessoas, por aqui. Parece que, quando começa uma Copa ou Pan Americano, abre-se uma brecha no tempo e espaço, e todo o resto é deixado de lado em favor das competições. Nada mal ser um país aficionado por esportes; agora, esquecer as crises internas e desvios gigantescos de capital público durante esses períodos (e como “o povo tem memória curta”, provavelmente nem serão lembrados depois) e algo a se preocupar.

Essa desconfiança minha já vem de longe. Ainda estava no ensino fundamental quando, ao assistir um discurso do Jorge Kajuru na televisão, conclui que a época de Copa do Mundo fazia as pessoas se esquecerem dos furos na política, e que os engravatados mal-intencionados muitas vezes utilizavam-se disso em seu favor. Comentei isso no colégio, e riram da minha cara. Por algum motivo, nenhum deles ri mais disso...

Não me levem a mal. Adoro esportes, principalmente o futebol (que preciso urgentemente aprender a jogar melhor), mas amo o meu país acima de tudo. E, se sediar um evento esportivo pode prejudicá-lo, talvez não seja tão bom assim. O meu medo é que, agora que o evento é sediado no país – e vem acompanhado, de brinde, pela Copa dois anos antes –, essa alienação se intensifique, totalmente domada pela euforia mencionada acima. Estamos em uma época de conflitos políticos internos muito intensa, coroada com novas CPIs e fraudes a cada semana, e se esquecer de tudo isso como num passe de mágica pode ser bem preocupante. Resta saber se essa confusão política vai continuar até lá.

Outra coisa que preocupa é a quantidade de dinheiro investido. O Brasil está preparado para isso, li alguém se pronunciar. Para isso, e para formar um Exército Defensivo em Favor do Pré-Sal, pelo jeito. Dentre gastos com estádios, aviões suecos e publicidade, eu espero que ainda sobre uma fatia do bolo para os problemas sociais e econômicos de quem está financiando tudo isso.

Até agora só mostrei argumentos contra a minha resposta, e até por isso eu disse que ela foi “contra as expectativas”. O que me fez dizer que sim foi um ponto partido do meu último argumento: com um orçamento de gastos tão abundantes, me resta acreditar que alguns deles serão destinados a melhorias nas condições de vida da população, nem que seja a que vive próxima aos locais dos jogos e concentrações. Porque, já que não fazem muita coisa por bem, pelo menos que façam para gringo ver...
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Postado, originalmente, em 05/10/09.
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