no meio de um descampado
num jogo que não tem regra
nem pecado.
Numa tortura lenta
com ritual absoluto
que o amor nos possuísse
doce e bruto.
Que houvesse fuga e corrida
e grito agudo na boca.
Que a dança fosse selvagem
e louca.
Com maldade instintiva
guerra de unha e dente
todo impulso desmedido
corpo quente.
Depois na hora do cerco
firmes os cinco sentidos
vem o animal e se envolve
atraído.
Pra que dure mais o jogo
ora foge ora se entrega
se joga se abre provoca
depois nega.
Cúmplice do adversário
de manso se defendendo
vai pouco a pouco à cilada
cedendo.
Corpo todo se espalhando
no meio do descampado
na luta quem não domina
é dominado.
E aí segura a corrente
manseia cavalo bravo
na luta quem não é senhor
é escravo.
Chegada a hora da posse
o momento mais violento
novilha presa arqueia
sem movimento.
No meio do seu combate
foi afinal possuída
e geme pra essa morte
melhor que a vida.
Se enrosca sentido o gosto
de ter sido capturada
sabendo que foi vencedora
e derrotada.
E depois de tudo resta
um cansaço ainda melhor
sorriso dentro do corpo
fora o suor.
Que o amor nos possuísse
com sensação de perigo
no meio do descampado
com dois inimigos.
In “No Ritmo Dessa Festa”.
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Um comentário:
Penélope! Esta mulher é O BICHO!!!! AMO AMO AMO DE PAIXÃO esta poesia!
Beijo.
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