de raízes no solo e muitas fontes
o mesmo sol que te satura me mora nas entranhas
o mesmo fio que te liga à terra me fez de presa.
A mesma carne, a tua, é fraca em mim
em mim que já sou feita de tuas ânsias
de tuas névoas, de teu suor e teu conflito.
O mesmo cheiro de tuas partes em minhas mãos resiste
ao vento de poeira. Às estações e ao isolamento.
Já não sou tua, é certo. Talvez eu nunca fosse,
talvez tivesse sido, talvez um dia eu seja.
Talvez te habite em sonhos recônditos,
talvez nem te dês conta.
Talvez já nem percebas. Talvez ainda não saibas.
É tão vasto o sortilégio. Tão infinitas
as marcas de teus pés no meu passado
de tuas mãos pelo meu corpo.
Homem de pedaços. De sulcos cavados na pedra.
Talvez eu seja o rio que te corre por cima.
São águas minhas as que te corroem
e te deixam em sedimentos,
são seixos teus que carrego no meu leito,
são partes tuas as que me dão forma.
É barro teu o que me turva.
Homem de asas. Companheiro,
é através de teus sentidos o meu contato.
A minha noite tem a tua cumplicidade.
A tua serpente possui o meu veneno.
O mesmo sangue. É inútil que te afastes.
In “No Ritmo Dessa Festa”.
.
.
Um comentário:
Oba, Penélope! Vamos ter Bruna aqui sempre, pelo visto! Ótima ideia! Amei!
Beijos!
Postar um comentário