Ainda não descobri minha atração por camelôs e por lojas de artigos diversos a preço baratíssimo.
Confesso que até já tentei, por várias vezes, prestar atenção nessa “tara”, descobrir a razão exata de tal preferência, mas sempre me perco em explicações óbvias que não me rotulem de brega ou maluca.
Hoje tive a grata surpresa de encontrar, totalmente por acaso, uma bem próxima de minha residência.
Acho que os céus clamaram por isso a meu favor, pois foi mesmo por acaso que a encontrei. Vejam que a rua por onde eu teria que passar estava fechada para obras da Prefeitura e eu tive que tomar outro acesso – esse bendito caminho que me levaria à loja de R$ 1,99.
Tão extasiada fiquei que me detive na porta por uns cinco minutos. Não sei o que a recepcionista pensou ao meu olhar ali, apatetada, como se estivesse diante da Torre Eiffel.
Ela não entende que o grande “barato” é investigar, como um colecionador, as miudezas e se surpreender com o preço baixo, agrupar na cesta muitas e muitas delas e, ao chegar em casa, espalhá-las em cima de uma mesa somente para apreciar a diversidade de cores e as miniaturas.
Sei que grande parte desses produtos são descartáveis, mas a graça está nessa possibilidade. Se duram uma semana, o custo não foi alto e a reposição torna, de novo, a casa nova.
Já na porta, como a convidar à entrada, grandes amarrados de fitas coloridas, em tecido imitando cetim, formavam arranjos delicados propiciados por seus diferentes tamanhos.
No lado oposto, uma prateleira de porta-retratos de todas as larguras, exibia fotos em preto e branco de crianças fazendo graça. O que me chamou a atenção foi a forma como estavam dispostos, parecendo uma história em quadrinhos, devido à sequência de atitudes. A primeira criança, com as mãos esticadas, jogava uma bola, no seguinte, a outra com os braços levantados parecia buscar a bola no ar e assim seguiam as outras imagens.
Bolas, bolas e mais bolas enfeitavam um dos lados de uma parede e exibiam com maestria um arco tão chamativo que o mais experiente decorador de festas infantis talvez não soubesse compor.
E a cesta no meio da loja abrigando bonecas de todas as qualidades? Essa, então, parecia mais uma cama grande, acolchoada, onde, sem se misturar, as bonecas carecas e as cabeludas se harmonizavam, vestidas ou não, e todas pareciam fazer parte da mesma família. Percebi que a forma do rosto era a mesma em todas.
Continuei deliciando minha alma com tanta coisa pequena e colorida. De repente, meus olhos descobriram lá no fundo de um dos cestos expositores, talvez colocado ali por alguém desistente da compra, um desses pequenos relógios de mesa. Sempre acho relógios, onde quer que eu vá.
Com uns dez centímetros de altura, na cor rosa com os ponteiros pretos, era mais chamativo do que um rubi. Tinha tudo que os relógios de mesa de tamanho normal têm. Os pés torneados, virados para fora, campainhas redondas com aquele botãozinho na parte superior, visor com os ponteiros e números indicativos das horas e minutos perfeitamente desenhados, era uma verdadeira jóia.
Não pensei duas vezes – arrebatei-o do cesto com vigor, tomei-o como meu e dirigi-me ao caixa. Paguei por essa raridade apenas R$ 5,99.
Quando saí, a recepcionista ainda ali estava, na porta, a convidar os que saíam a um retorno.
Olhou-me mais uma vez e pude sentir que não entendia minha fisionomia feliz.
Não me importei. Abracei minha preciosidade e rumei para casa realizada.
Visitem Adir Vieira
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Um comentário:
Gostei de ir à loja de R$ 1,99 com você, Diza! Mais um passeio legal!
Beijo!
:)
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