De início sou dor a dilacerar,
Depois um simples lamento.
Justifico a eterna presença do que feneceu.
Pois consolo na perda do amor que morreu.
Teço com os fios das lembranças,
A manta quente que agasalha,
Nos graves momentos de dor
Em que a falta do amor estraçalha
Trazendo o medo da mudança.
Às vezes sou o único remédio
Da relação que já virou tédio,
Porque contra mim não cabe argumento.
É melhor se render,
Quem comanda é o tempo.
Tantas vezes único consolo na terceira idade,
Ainda que isso pareça, da Vida, maldade.
Sou filha da perda e irmã do amor.
Gerada, inevitavelmente, por ela,
Dele, na distância, sou o elo mantenedor.
Atinjo pessoas de qualquer idade,
Pra mim não há limites se é amor de verdade.
Com os fios do tempo teço rede de proteção
Que minora o efeito de cair na realidade
De quem perdeu a razão de sua felicidade.
Sou o mata-borrão pro estrago
Das tintas da morte na tela da vida.
Cicatrizo, se é profunda a ferida,
Inevitável consequência
De uma paixão plenamente vivida.
Visitem Alba Vieira
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3 comentários:
Li a primeira estrofe, bati o olho na segunda, e decidi: é SAUDADE, e ninguém me tira isso da cabeça. =P
Sigo o Gio: Saudade!
(Ó, Escrevinha, esperei até hoje para responder... rsrsrs)
Isso mesmo, Gio. Quando escrevi a charada pensei em saudade. Parabéns. Gosto muito de seus textos. Um abraço.
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