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sexta-feira, 5 de junho de 2009

Aprender com a Perda - por Jair Antônio Pauletto

Na semana passada, recebi um e-mail de uma amiga, perguntando se eu tinha um livro chamado Perdas Necessárias da autora Judith Viorst. Infelizmente não tinha o livro para emprestar e lamentei não tê-lo lido, pois já havia recebido várias recomendações. No entanto, o título ficou marcado na minha mente e comecei a pensar na grandeza destas palavras: Perdas Necessárias.
Parece contraditório, especialmente para nós ocidentais, acostumados a querer ganhar e ganhar sempre mais, todavia mergulhei nos meus pensamentos e percebi o extraordinário aprendizado que podemos extrair diante de uma perda. Obviamente que não aceitamos perder e sequer gostamos de ver alguém que amamos perdendo algo, nem mesmo o nosso time de futebol.
Porém, a perda é uma experiência necessária ao desenvolvimento do ser humano e importante para que possamos adquirir experiência e maturidade. Tudo começa quando nascemos e perdemos a tranqüilidade, o bem-estar que o ventre materno nos proporciona, quando aprendemos a lutar pela vida sem a constante presença da mãe e assim sucessivamente a vida nos impõe perda e desafios que nos impulsionam para seguirmos em frente. Algumas vezes não percebemos a perda, pelo simples fato de temermos a mudança, como no caso da passagem da fase de criança para a adolescência. A busca pela independência nos fascina tanto que esquecemos que não podemos mais exigir, ou melhor, que perdemos aqueles benefícios do tratamento de criança, sem grandes responsabilidades e obrigações.
Geralmente percebemos a perda de alguém apenas com a morte. Nesta hora pensamos nas pessoas que amamos e nosso íntimo imediatamente manifesta um desconforto. Mas a perda vai além, ela abrange muitos outros aspectos na nossa vida. O simples fato de mudar, por exemplo, causa perdas, uma vez que deixamos coisas para trás, sejam materiais ou sentimentais. Perdemos os objetivos, os sonhos e as expectativas, seja de forma consciente ou inconsciente, mas em algum momento essas perdas ocorrem, mesmo quando estes são substituídos ou modificados existe uma perda, que é necessária ao crescimento, ao aperfeiçoamento.
Outra perda importante é a das ilusões, que se vão conforme amadurecemos; uma das mais importantes para o nosso desenvolvimento, uma vez que a ilusão é um grande obstáculo ao desenvolvimento da própria consciência; que nos faz perceber que o amor que nossas mães nos dedicam não é só nosso, que um dia vamos perder quem amamos e que existem muitas dores que já não passam com um simples beijo.
Com o passar dos dias, também percebemos que a juventude deu lugar às rugas e que definitivamente somos mortais; que estamos no mundo numa caminhada individual; que descobrimos que somos limitados essencialmente pelo próprio pensamento, pela culpa e autonomia. Observamos que existem falhas em qualquer relacionamento humano, que por mais sábios e encantadores que possamos ser nunca vamos agradar a todos e que nossa passagem por este planeta é apenas transitória. Todas essas percepções e muitos outros aprendizados estão relacionados à perda e, consequentemente, ao autodesenvolvimento.
Muitas vezes precisamos desistir, deixar de lado, perder algo para poder crescer, pois é através da renúncia que podemos nos tornar mais fortes e melhores. O rompimento de um laço afetivo causa uma dor mortal, mas pode ser o aprendizado que necessitamos para cultivarmos o verdadeiro amor. O afastamento de um amigo, que considerávamos essencialmente bom, devido a uma grande maldade nos mostra que temos que aceitar que as pessoas e nós mesmos somos um misto de amor e ódio, de bem e mal. A perda inesperada de uma pessoa amada nos coloca frente a frete com uma realidade da qual não podemos fugir, que é o nosso limitado poder de evitar a dor do outro, que somos completamente incapazes de proteger as pessoas e a nós mesmos do sofrimento, da velhice e da morte.
Perder sempre é difícil e doloroso, não importa a idade ou o desenvolvimento pessoal de cada um, mas é através das perdas que crescemos. É preciso compreender as perdas para entender a vida, para ter forma, coragem e determinação para seguir em frente e tornar-se um ser humano melhor. É através deste aprendizado que determinamos o que somos e a vida que vivemos, ou seja, é o que vai nos transformar para melhor ou para pior. Não estou dizendo que perder é bom, simplesmente mostra que a perda faz parte da vida e através dela podemos aprender e crescer. Obviamente que ganhar é melhor, mas percebam que a perda está definitivamente ligada ao crescimento; embora muitas vezes dolorosa, é fundamental para nos tornarmos pessoas melhores.
Dessa forma, espero que as perdas em sua vida sejam leves e cheias de aprendizado, e assim possam minimizar o sofrimento sem prejuízo ao seu crescimento. Que o saldo final seja positivo, no qual as perdas tenham se transformado em lucrativo aprendizado. Boa semana.



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Um comentário:

Ana disse...

Jair:
Concordo plenamente! Embora seja muito difícil encarar desta forma, principalmente quando se está passando pela perda.