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domingo, 1 de fevereiro de 2009

Eu e os Outros - por Leila

Acho que a estética é mais “valorizada” porque é mais simples lidar com ela. Se tenho o cabelo cacheado e gosto dele, eu gosto; se apenas tenho, mas outros não gostam, eu mudo. Já o interior provoca polêmicas, debates, e assim a pessoa deve se sentir segura além dos borrões de rímel para defender o interior.


Resposta à “Atitude” de Raquel Aiuendi.
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3 comentários:

Anônimo disse...

Comentário por Bruno D´Almeida — 1 fevereiro 2009 @ 20:43

Reflexões de um picolé para toda a família

Todos estavam a espera do picolé. Era um daqueles dias em que a família inteira vai à praia, e digo a família com todas as suas nuances, performances, fuxicos e penduricalhos: pai, mãe, tia, noras, irmãos, agregados, cunhadas e genro de cara feia. E as crianças! Crianças gordinhas peraltas correndo com meleca escorrendo pelo nariz, pequenos torresmos empanados com areia rolando pelo chão, se jogando na água, trocando tapas por causa de um carro amarelo. Naquele sol escaldante fritando o juízo, a areia esquentando os pés, as crianças começavam a fazer seqüestro emocional pedindo lanchinho. Picolé, pensou Horácio, uma boa pedida para refrescar a boca sem esvaziar muito o bolso.
Passa o primeiro vendedor de picolé com caixinha de isopor no ombro, gritando eu tenho amendoins, cajá, coco, acelora, leite condensado, limão, goiaba, chocolate e tapioca, olha o picolé, olha o picolé! Oitenta centavos. Caro. Eis que passa outro com seu carrinho gritando eu tenho Capelinha, picolé Capelinha! As criancinhas mal-educadas gritavam, agarravam o pobre coitado, aquelas que toda família ri amarelo passando a mão pela cabeça dizendo é assim mesmo, é criança. Horácio Osvaldo perguntou ô Picolé, quanto tá o seu picolé? cinquenta centavos? Barato assim deve estar ruim, pensou o patriarca da família-mosaico.

Barato não senhor, respondeu o vendedor. É que eu compro de lote, aí eu vendo mais e ganho mais! Horácio ficou calado ouvindo. Eu compro picolé de fornada, todo dia eu vou na fábrica e dou três viagem, chega antes do Farol da Barra eu vendi uma fornada, no Farol vendo mais uma e outra depois. Tem gente que vende caro, o picolé derrete, fica boiando, eu só compro de amendoins, cajá e coco, porque todo mundo aqui na praia toma mais desse sabor, aí não tem sobra, eu não tomo prejuízo. Quantos vai ser? Dezoito, falou Horácio pensativo e radiante.

Foi aquela festa. Todo mundo chupando picolé, genro pegando dois, as noras adorando o picolé de coco, a tia falando esse de cajá é uma delícia, a filha pensando nas calorias, as criancinhas felizes melando a cara, derretendo picolés de amendoim pelas mãos e limpando na barriga de areia. Horácio via aquele ambulante, que mal sabia falar, dando aulas intuitivas de capital de giro, marketing, logística de distribuição e comportamento do consumidor sem nunca ter feito uma faculdade. Imagine se fizesse, pensava. Quantas pessoas têm potencial e estão aí vendendo picolé na praia, podendo, com estudo, ser donos de redes de sorveteria? Pausa para reflexão praieira.

A diversão da família era para Horácio, naquele momento, uma janela para a esperança, uma reflexão sobre o sentido da vida muito além das músicas de Roberto Carlos. Nosso Brasil precisa de estudo, nosso povo é extraordinário, precisamos de um batalhão de vendedores de picolé como esse cara, divagava Horácio falando pro genro, que balançava a cabeça concordando com o sogro, soltando grunhidos e chupando o picolé da esposa, uma mulher linda e esguia que estava com medo de engordar.

Mas nosso protagonista-mor nem teve tempo para muita reflexão. A netinha xodó da família acabara de deixar seu picolé de amendoim cair no chão e chorava feito uma condenada, a mãe ameaçava dar tapas pra menina calar a boca, a avó condenava e dizia que a netinha precisava de carinho, e o pobre do Horácio saia correndo em vão pela praia atrás do vendedor de picolé Capelinha, aquele mesmo que dava aulas de economia informal e transformava cinqüenta centavos em mágica gelada no palito. Ninguém via o ambulante, devia estar a caminho da maravilhosa fábrica de sorvetes e de oportunidades.

(Bruno D´Almeida - comendocomfarinha.blog.terra.com.br)

Anônimo disse...

Comentário por Leila — 2 fevereiro 2009 @ 18:15

Um homem muito rico precisava de um relógio novo, não que o dele estivesse quebrado era pq o que tinha já tinha se tornado ”popular”. Não era aconselhável que continuasse usando e assim foi procurar um modelo mais seleto, como explicou a linda vendedora muitíssimo bem arrumada que lhe servia champagne.
Enquanto isso um funcionário terceirizado do homem rico foi comprar um relógio novo para seur irmão, quando um rapaz consegue um emprego pela primeira vez merece um relógio de ouro. Mas o funcionário só alcançava relógios de camelô, mas vale a intenção.
- Igualzinho o original pode comparar no Google - foi o que disse o vendedor enquanto palitava os dentes.
Pensando no relógio como um ideal, que é o verdadeiro rico? O que troca de ideal por outro mais exclusivo ou que troca para fazer quem ama feliz?

Anônimo disse...

Comentário por Ana — 7 fevereiro 2009 @ 13:57

Leila:
Concordo plenamente com o que você diz no “Eu e os Outros”. Muitas pessoas se deixam guiar pelos modismos, pela opinião alheia e precisam se esforçar para manterem-se íntegras internamente. Infelizmente as coisas são assim…
Parabéns por seu post.
Um beijo.