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quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Consciência - por Alba Vieira

Vejo o céu claro de um azul apaziguador, com chumaços de nuvem algodão branco ao longe e corre um vento forte que balança os toldos nos prédios vizinhos ao mesmo tempo em que acaricia a pele do meu rosto espectador. Não há ruídos com personalidade lá fora. São apenas sons de pássaros que sobrevoam as árvores ou latidos de cães preguiçosos na hora do almoço, gritos de crianças nos apartamentos ou correndo nas ruas próximas. São barulhos de vida fora de mim que me acalmam, não me trazem nenhuma história conhecida, nem expressam os conflitos que me dizem respeito. É como se minh’alma planasse sobre a densidade das emanações das vidas de todas as pessoas que moram ou passam por perto de onde vivo. Da janela observo o mundo. Não com um olhar curioso como fiz tantas vezes, mas com todos os sentidos e além deles, tentando apreender as vibrações de vida em torno.
O céu distante me traz a consciência da vida além da materialidade. Tenho saudade de pessoas que já se foram e me eram caras e saudade antecipada das que ainda irão e, no mesmo momento em que aperta o peito a dor da perda, me sinto expandir para uma nova realidade, em que nada nos pode limitar, em que podemos chegar aonde o que somos permitir. Esta liberdade que a consciência da morte me traz perpassa todo meu ser, me revigora, me dá esperança, aquece meu coração humano. É vida, é plenitude, é equilíbrio e serenidade.
Hoje, meu olhar antes curioso pelo externo, mesmo que representasse aspectos do meu ser, se volta agora para dentro, onde encontra o silêncio e busca equilíbrio e paz. É nesta fonte que procuro as respostas para entender o que o olhar para fora encontra de perplexo.
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Um comentário:

shintoni disse...

Comentário por shintoni — 20 dezembro 2008 @ 11:24

Muito, muito bonito!