Querido Brógui:
Depois de mais de um ano dando olé nas “viroses”, baixei no estaleiro. Por que viroses entre aspas? Porque agora, quando os médicos não sabem o que você tem, classificam a pereba de virose. Essa denominação serve para de um tudo, desde piriri até unha encravada, passando pela dor de cabeça e acabando na sensação de ter sido atropelada por um caminhão desgovernado.
Minha pediatra (pode parar de rir, eu tenho uma pediatra, tá?) diz que os médicos que estão saindo agora das faculdades não sabem nada. Ela diz que escolhe pela idade. Só serve médico velho. Já tem a listinha dela preparada, daqueles conhecidos, mas quando surge uma necessidade de algum profissional diferente, ela liga pro consultório e pergunta quantos anos tem o médico. Menos de cinquenta anos, nem pensar. Com cinquenta anos de idade, ao menos o cara tem uns vinte de profissão. Já é alguma coisa. Eu concordo com ela, trocando apenas o adjetivo “velho” por “antigo na praça” ou “experiente”.
Há alguns milênios atrás, a moda era stress. Eu ia para o médico, com uma baita infecção na garganta e ele perguntava: “Você está estressada?”. Ia mostrar uma irritação na pele e vinha a mesma pergunta. Ia tratar de uma anemia, a mesma coisa. Naquele período, eu já entrava no consultório dizendo que minha vida estava muito bem, obrigada, e que não estava sofrendo de nenhum distúrbio psicossomático.
Depois da moda do stress, veio a moda da alergia. Tudo tinha fundo alérgico. Fiquei preocupadíssima, a ponto de pensar que tinha alergia a mim mesma. Fiz testes alérgicos aos montes e, no último deles, quando peguei o resultado, uma amiga me disse, ainda no elevador, que eu tinha que viver numa bolha de plástico, que nem aquele personagem do John Travolta naquele filme. Lembra? “O rapaz na bolha de plástico”? Um dos micos que esse grande ator pagou antes de ser resgatado das profundezas do ostracismo pelo Tarantino e ir fazer “Pulp Fiction”. Não lembra? Não viu? Nem era nascido? Tudo bem, não perdeu nada mesmo.
Ano passado, depois de duas semanas bombardeada, de cama, achando que não iria sobreviver, fui à emergência de um hospital. Fiquei ho-ras esperando. Acho que eles deixam o cabra esperando na emergência para ter certeza de que é emergência mesmo, porque se não for, ele se levanta e vai pra casa (ou pro cemitério). Menos um pra atender.
Nesse dia, a médica me atendeu, disse que eu tinha tido não apenas uma virose, mas três. Isso mesmo. Emendei uma na outra, apresentando sintomas diferentes. Disse também que eu aparentemente estava com uma crise alérgica. Perguntou ainda se eu estava passando por um momento de muito stress.
Saí de lá com a certeza de que a moça estava atirando pra tudo o que era lado. Não tinha como errar. Ou era virose, ou alergia, ou “pobrema de neuvos”.
De lá pra cá, nunca mais fiquei doente daquele jeito e atribuo isso às doses diárias de Targifor C. Quem receitou? Minha pediatra, lógico.
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Depois de mais de um ano dando olé nas “viroses”, baixei no estaleiro. Por que viroses entre aspas? Porque agora, quando os médicos não sabem o que você tem, classificam a pereba de virose. Essa denominação serve para de um tudo, desde piriri até unha encravada, passando pela dor de cabeça e acabando na sensação de ter sido atropelada por um caminhão desgovernado.
Minha pediatra (pode parar de rir, eu tenho uma pediatra, tá?) diz que os médicos que estão saindo agora das faculdades não sabem nada. Ela diz que escolhe pela idade. Só serve médico velho. Já tem a listinha dela preparada, daqueles conhecidos, mas quando surge uma necessidade de algum profissional diferente, ela liga pro consultório e pergunta quantos anos tem o médico. Menos de cinquenta anos, nem pensar. Com cinquenta anos de idade, ao menos o cara tem uns vinte de profissão. Já é alguma coisa. Eu concordo com ela, trocando apenas o adjetivo “velho” por “antigo na praça” ou “experiente”.
Há alguns milênios atrás, a moda era stress. Eu ia para o médico, com uma baita infecção na garganta e ele perguntava: “Você está estressada?”. Ia mostrar uma irritação na pele e vinha a mesma pergunta. Ia tratar de uma anemia, a mesma coisa. Naquele período, eu já entrava no consultório dizendo que minha vida estava muito bem, obrigada, e que não estava sofrendo de nenhum distúrbio psicossomático.
Depois da moda do stress, veio a moda da alergia. Tudo tinha fundo alérgico. Fiquei preocupadíssima, a ponto de pensar que tinha alergia a mim mesma. Fiz testes alérgicos aos montes e, no último deles, quando peguei o resultado, uma amiga me disse, ainda no elevador, que eu tinha que viver numa bolha de plástico, que nem aquele personagem do John Travolta naquele filme. Lembra? “O rapaz na bolha de plástico”? Um dos micos que esse grande ator pagou antes de ser resgatado das profundezas do ostracismo pelo Tarantino e ir fazer “Pulp Fiction”. Não lembra? Não viu? Nem era nascido? Tudo bem, não perdeu nada mesmo.
Ano passado, depois de duas semanas bombardeada, de cama, achando que não iria sobreviver, fui à emergência de um hospital. Fiquei ho-ras esperando. Acho que eles deixam o cabra esperando na emergência para ter certeza de que é emergência mesmo, porque se não for, ele se levanta e vai pra casa (ou pro cemitério). Menos um pra atender.
Nesse dia, a médica me atendeu, disse que eu tinha tido não apenas uma virose, mas três. Isso mesmo. Emendei uma na outra, apresentando sintomas diferentes. Disse também que eu aparentemente estava com uma crise alérgica. Perguntou ainda se eu estava passando por um momento de muito stress.
Saí de lá com a certeza de que a moça estava atirando pra tudo o que era lado. Não tinha como errar. Ou era virose, ou alergia, ou “pobrema de neuvos”.
De lá pra cá, nunca mais fiquei doente daquele jeito e atribuo isso às doses diárias de Targifor C. Quem receitou? Minha pediatra, lógico.
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Postado, originalmente, em 23/10/2008.
Postado, originalmente, em 23/10/2008.
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