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(Aviso: Os textos em amarelo pertencem à categoria
Eróticos.)




terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Confissões - Fatinha

Querido Brógui:

Hoje é dia de confissão. Preparado para a intensa emoção de compartilhar os recônditos mais obscuros da minha vida?
Tudo começou quando percebi minha ojeriza a tirar fotos. Fotos minhas, claro. A dos outros, não me incomodo não. Não ficam lá muito boas, é verdade, mas a criatura já fica previamente advertida da inaptidão da fotógrafa quando ela pergunta: “Tem que sair a cabeça e o pé, ou eu posso escolher um dos dois?”
Por que eu não gosto de fotos? Primeiro porque não sou fotogênica. Minha cara nunca sai legal e fico arrasada quando dizem que ficou boa. É um raciocínio muito simples: se acho a foto feia e eu tenho aquela cara, fico logo pensando que sou feia também. Coisas de Fatinha.
Segundo, meu irmão sempre diz que quando eu rio para tirar retrato, aparecem trezentos dentes na minha boca. É um elogio (acho) ao meu sorrisão, mas…
Terceiro, em todas as fotos 3x4 eu saio com cara de marginal. Ah, tá. Você também sai. Mas, numa escala de zero a dez, eu seria presa num presídio de segurança máxima e você pegaria um regime aberto.
Quarta razão: minhas olheiras. Elas são potencializadas na fotografia. Se, em condições normais de temperatura e pressão, eu tenho que passar três camadas de corretivo para poder ir no portão de casa sem neguinho pensar que eu levei um soco em cada olho, na foto, fico parecendo um panda.
Não basta?
O quinto motivo é que, nas últimas e infelizes fotos que tirei, reparei que minha cara tá ficando caída. Tipo bochecha de bulldog. Exagero? É, mas já disse: meus retratos potencializam o que há de pior em mim.
Então, essa foi a primeira confissão do dia. Sigamos adiante.
Comprei uns produtos da linha Renew, da Avon. As mulherzinhas sabem do que eu estou falando. São aqueles produtos pra combater rugas, flacidez, manchas na pele, aspecto de cansaço, em suma: a decrepitude normal do rosto. Normal, mas nem por isso bem-vinda.
O que tem isso a ver com as fotos? Tudo. A minha confissão número dois é relacionada com a número um. Nas fotos, além de ver minhas olheiras e a bochecha de bulldog, ainda consegui perceber que pequenas ruguinhas estão se manifestando nas pálpebras inferiores. O que fazer? O que já deveria ter feito, porque também li na revista que os sinais da idade começam a aparecer aos trinta anos. Já estou no atraso.
Com isso, parto para minha terceira confissão do dia: eu peco todos os dias e meu pecado é um dos capitais, a vaidade. E digo mais: se depender de não cometer esse pecado para conquistar o Reino dos Céus, tô lascada. Já era. Faço ginástica, faço dieta, pinto as unhas, o cabelo, compro roupinha da moda, faço maquiagem, limpeza de pele, depilação, uso Renew, creme redutor de celulites, hidratante corporal. Pacote completo. Passagem direta só de ida para o Inferno. Por essas e outras, para compensar, para poder negociar com São Pedro na hora do acerto de contas, faço de tudo para ser uma boa pessoa. Na hora H, acho que Deus vai me perdoar por ser “humana, demasiadamente humana”.
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PS - A citação é de Nietzsche. Fatinha também é cultura.
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.Postado, originalmente, em 24/09/2008.
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. Visitem Fatinha
Friedrich Nietzsche
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