já o fiz, quando estava vivo;
ante o portal que estou vendo,
não cabe um pendor, retroativo.
Uma vez cortado o laço,
que tenso, à terra me atraía;
deixei sua parte em seus braços,
ganhei asas, e eu já nem corria.
Penduro um Mezuzá à porta,
mirando confortar ao santo que fica;
se o teor, porém, não o conforta,
repensar os caminhos, implica.
Como aumentaram os parentes,
de repente, ao cambiar de aprisco!
Reputados mortos, tantos viventes,
confesso, esperava por isto.
Aqui jaz meu casulo, apenas,
desnecessário, após as asas;
do qual saí, a duras penas,
ascendendo, leve, à eterna casa.
Que o sol aqueça o dito, na pedra fria,
e pra alguns, sirva de exemplo;
enquanto na embaixada dos dias,
que carimbem o visto, a tempo.
Que alívio, não mais dar trabalho!
Não carecer ninguém acercar-se ao leito;
se o ministro gaguejar, num ato falho,
que seja isento, reputado perfeito.
Perdoem, contudo, a mão atrevida,
que proveu o que tendes aqui;
rabiscou um epitáfio, ainda em vida,
pra depois de morto, morrer de rir…
Visitem Leo Santos
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Um comentário:
Muito bom, Leo! Adorei!
Um abraço.
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