(...) hoje reconheço, naquilo que então aconteceu, o esquema por meio do qual o pensamento e a ação se conjugaram ou divergiram durante toda a minha vida. Penso, chego a um resultado, fixo-o numa conclusão e apercebo-me de que a ação é algo independente, algo que pode seguir a conclusão, mas não necessariamente. Durante a minha vida, fiz muitas coisas que não tinha decidido fazer, e não fiz outras que tinha firmemente decidido fazer. Algo que existe em mim, seja lá o que for, age; algo que me faz ir ter com uma mulher que já não quero voltar a ver, que faz ao superior um reparo que me pode custar o emprego, que continua a fumar embora eu tenha decidido deixar de fumar, e que deixa de fumar quando me resignei a ser um fumante para o resto dos meus dias.
Não quero dizer que o pensamento e a decisão não tenham alguma influência na ação. Mas a ação não decorre só do que foi pensado e decidido antes. Surge de uma fonte própria, e é tão independente como o meu pensamento e as minhas decisões.
In “O Leitor”.
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Um comentário:
Muito bom! É isso mesmo! Gostei, Penélope!
Há mais coisas entre a mente e a matéria do que sonha a nossa vã filosofia!... rsrs
Beijos!
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