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(Aviso: Os textos em amarelo pertencem à categoria
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segunda-feira, 20 de julho de 2009

Meu Primeiro Dia na Internet - por Adir Vieira

Sou uma pré-adolescente.
Minha cabecinha vive cheia de sonhos e anseio por novas descobertas.
Tenho um grupo de amiguinhos na escola que não fala em outra coisa a não ser sobre os grandes papos na internet até quase onze horas da noite, todos os dias.
Citam jogos e mais jogos, superinteressantes, em competição pela grande rede.
Por mais de três dias me encantei com o que as meninas falavam sobre a webcam. Podiam mostrar, umas às outras, penduricalhos recém-adquiridos para os cabelos, pedir opinião sobre a cor do novo batom, mostrar roupas novas e até mesmo o novo edredom comprado pela mãe. Tudo o que estivesse no raio da câmera poderia ser compartilhado pelas amiguinhas conectadas, apenas com um click.
Minha mente começou a arquitetar uma forma de dizer ao meu pai, sem deixá-lo magoado, que o meu “computador rosa” já estava ultrapassado. Eu sei que, com ele, fiz e ainda faço mil coisas, mas só que absolutamente sozinha.
Tentei convencê-lo de que precisava trazer meus amigos para dentro de casa, sem que ele precisasse se preocupar com lanches favoritos para a turma ou com o horário de pôr fim às brincadeiras. Por outro lado, tinha outra coisa a seu favor. Ele não necessitaria mais ficar tanto tempo a me dar instruções, pois eu as aprenderia com meus amigos. Notei uma cara de espanto na fisionomia do meu pai que pareceu não gostar nada de eu aprender, fora de casa, aquilo que só ele estaria apto a me ensinar. Fingi não entender e continuei nos meus argumentos. Complementei que, sem eu estar a pressioná-lo, ele poderia trabalhar ou estudar sabendo que eu estava superfeliz. Parece que foi aí que acertei. Falei na minha felicidade e meu adorado pai só quer que eu esteja bem. Pelo que conheço do meu pai, ele nunca dá uma resposta de pronto. Ele me faz esperar um pouco pela sua concordância e já aprendi que é para que eu tenha certeza do que quero.
Nunca uma resposta me custou tanto. Como foram longos aqueles três dias! Fiquei absolutamente à espera, sem tocar naquele assunto nem mesmo nas horas das refeições. Um dia, no nosso restaurante preferido, arrisquei-me a fazê-lo, mas no exato momento, o garçom trouxe nosso frango e eu perdi o momento. Temia por uma resposta negativa.
Enfim, parece que meu pai entendeu. Hoje, após o jantar, como ele sempre faz, chamou-me para me mostrar a surpresa. Aí entendi o motivo pelo qual ele me afastou de casa a tarde toda. Claro! Ele precisava preparar todos os artefatos para deixar meu PC rosa funcionando como gente grande!
Só me deixou abrir os olhos quando ultrapassei a porta do meu quarto. Um grito de alegria tomou conta de mim quando vi, ali instalada, minha primeira webcam e minha surpresa ainda foi maior quando vi na tela o programa que as meninas usavam. Corri e abracei meu pai – sei que ele não me viu adolescente quando, com a mesma voz de antes, eu disse: – Pai, você é demais! Acho que ele chorou, porque alguma coisa escorreu dos seus olhos, como água.
Corri e sentei na minha cadeira favorita, peguei minha agenda e, de imediato, adicionei minha melhor amiga.
Gritos e mais gritos de alegria demonstraram minha felicidade quando pude ver naquele ponto verde o nome da minha amiga piscando pra mim.
Com um click apenas, como se mil pessoas já tivessem me ensinado, exibi minhas melhores habilidades para o meu pai que, num misto de surpresa e orgulho, assistia ali de pé, minha conversa com minha amiga.



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Um comentário:

Ana disse...

Adorei a visão da menina sobre a relação do pai com ela. Muito legal!
Com você, não passeamos só pelos lugares físicos, mas também pela mente, pelas sensações e sentimentos (como no post das compras no shopping).
Adoro ler o que você escreve! Mesmo!
Beijos mil!