Eu odeio, no fundo, toda a moral que diz: “Não faças isto, não faças aquilo. Renuncia. Domina-te...”. Gosto, pelo contrário, da moral que me leva a fazer uma coisa, a refazê-la, a pensar nela de manhã à noite, a sonhar com ela durante a noite, e a não ter jamais outra preocupação que não seja fazê-la bem, tão bem quanto for capaz entre todos os homens. A viver assim despojamo-nos, uma a uma, de todas as preocupações que não têm nada a ver com esta vida: vê-se sem ódio nem repugnância desaparecer hoje isto, amanhã aquilo, folhas amarelas que o menor sopro um pouco vivo solta da árvore; ou mesmo nem sequer se dá por isso, de tal modo o objetivo absorve o olhar, de tal modo o olhar se obstina em ver para diante, não se desviando nunca, nem para a direita nem para a esquerda, nem para cima nem para baixo. “É a nossa atividade que deve determinar o que temos de abandonar; é atuando que deixaremos”, eis o que amo, eis o meu próprio placitum! Mas eu não quero trabalhar para me empobrecer mantendo os olhos abertos, não quero essas virtudes negativas que têm por essência a negação e a renúncia.
In “A Gaia Ciência”.
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Um comentário:
CONCORDO, CONCORDO, CONCORDO E CONCORDO!!!!
É isso aí, Nitchi (rsrs)!
Nada de negação! Abaixo a renúncia! E viva Woodstock! E viva Hair (again)!
Valeu, Penélope!
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