Ele vivia sozinho. Agora. Mas não havia sido sempre assim. Ele tinha tido um companheiro inseparável. Uma relação íntima, profunda. Iam à escola, ao futebol, ao cinema, ficavam sozinhos no quarto de Maurício ouvindo músicas, vendo clips, às vezes por horas a fio... Quantas vezes, nestes momentos de alcova, Maurício, apaixonado, deslizava seus dedos sobre ele, pensativo, com aquelas mãos adolescentes inquietas e desejosas... E ele ali, sempre disponível, oferecendo tudo que estivesse ao seu alcance...
Ele não tinha sido o primeiro, houvera outros antes, muitos, pois Maurício exigia demais... Tinham sido relações pouco duradouras, mas igualmente profundas. Ele sabia que um dia iriam se separar também, mas não imaginou que duraria tão pouco. Sim, para ele tinha sido tão breve porque tão bom... Maurício encheu sua vida de conversas, de sons, de cores, de emoção... E agora nada mais, apenas o silêncio insistente, o isolamento. E aquela situação deprimente: para onde quer que olhasse só via feiura, tristeza, abandono, tudo cheirava mal... “Tudo é descartável - pensava, com seus botões - tudo tem um fim, sempre. É tolice imaginar a eternidade neste mundo, a imortalidade das relações.” Aprendera... diante de seu triste fim, aprendera. Outro ocuparia seu lugar em breve. Deveria ficar apenas com as lembranças até que nada existisse mais. Resignou-se, imerso em infinita saudade e esmagadora sensação de inutilidade.
- Meu filho, joguei fora. E não adianta remexer o lixo, Maurício! O seu mp4 escangalhou mesmo...
Ele não tinha sido o primeiro, houvera outros antes, muitos, pois Maurício exigia demais... Tinham sido relações pouco duradouras, mas igualmente profundas. Ele sabia que um dia iriam se separar também, mas não imaginou que duraria tão pouco. Sim, para ele tinha sido tão breve porque tão bom... Maurício encheu sua vida de conversas, de sons, de cores, de emoção... E agora nada mais, apenas o silêncio insistente, o isolamento. E aquela situação deprimente: para onde quer que olhasse só via feiura, tristeza, abandono, tudo cheirava mal... “Tudo é descartável - pensava, com seus botões - tudo tem um fim, sempre. É tolice imaginar a eternidade neste mundo, a imortalidade das relações.” Aprendera... diante de seu triste fim, aprendera. Outro ocuparia seu lugar em breve. Deveria ficar apenas com as lembranças até que nada existisse mais. Resignou-se, imerso em infinita saudade e esmagadora sensação de inutilidade.
- Meu filho, joguei fora. E não adianta remexer o lixo, Maurício! O seu mp4 escangalhou mesmo...
Texto cujos título e início foram utilizados para Abandono - As Nossas Histórias XI.
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2 comentários:
Vindo da Ana, já tava na cabeça o "nem tudo o que parece, é" ahuauahuauahauhauh
Pô, Gio!
Aí não teve graça... Era pra pegar de surpresa... Vou mandar uns sérios só pra despistar quando eu mandar desses... rsrs
:)
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