o dia nasce maquinal.
Cordas, cerdas e engrenagens
pregam o dia na parede.
Pastando pela pobre rua
pessoas pisavam nos passos;
colisões, contrições de passagens
do cidadão da cidade insentida.
Fui trair a cria no trabalho
medindo calado coisas e casos,
fazendo coisas que não gosto,
fingindo casos que não invento.
O fim da tarde foi meu fim.
Embriagado pelo breu da técnica
já não via, apenas oculava
já não vivia, apenas vegetava.
À noite, cansado, caído,
desabei implodido nos teus braços,
que como eu, clamavam
a fuga do dia maquinado.
Senti então, aliviado,
do fundo da pele cansada,
beijos e suspiros;
recompondo,
reerguendo na alma
a tímida certeza,
de que dentro do corpo,
ainda sou sangue,
ainda sou carne.
Visitem Bruno D’Almeida
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Um comentário:
Muito legal, Bruno!
Gostei!
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