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segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

O Ataque - por Ana Maria Guimarães Ferreira

O calor estava insuportável naquele dia de outubro.
Da minha sala, sem janelas e sem ventilação, eu via as gotas de suor caírem pelas minhas costas e molharem minha blusa.
O sono queria, a todo custo, tomar minhas pálpebras e eu lutava bravamente para manter os olhos abertos, sem conseguir, e foi assim, no meio de um olhar sonolento, que eu o vi e me assustei, pois não esperava ninguém ali àquela hora e muito menos mudo, me olhando assim furtivamente e ao mesmo tempo insistentemente.
Observei de relance seus bigodes que apesar de não correr vento por ali, pareciam se mexer.
Mas ele permanecia assim, imóvel, estático a me olhar como um busto de bronze que você conhece, mas que a simples aparição no meio do nada te leva a mil conjecturas.
Assustei-me ao olhar de novo para ele, constatar que ele estava realmente ali e que me olhava com bastante interesse.
Na verdade, quando nossos olhares se cruzaram, nós dois nos assustamos.
Dei um grito misto de medo e de pavor. Aquele grito agudo, mas que sai da garganta com dificuldade, quando olhei de novo ele havia sumido do meu ângulo de visão.
Mas eu sabia que ele estava ali me espreitando, sentia no ar e quase que inconscientemente, numa tentativa de sobrevivência, quando vi estava em cima da cadeira com um monte de processos na mão.
Eu subi no primeiro lugar que encontrei e que achei que poderia me servir para ver tudo, para ter uma visão de todos os cantos onde ele poderia ter se escondido.
Minha respiração ofegante, o suor aumentando e eu rezando para alguém aparecer e me salvar…
Mas nada... parecia que todos tinham se evaporado.
E eu me vi assim, em cima da cadeira, tremendo de medo que ele pudesse me atacar, mas não criava coragem de largar tudo e fugir.
Por isso dizem que o medo paralisa. É verdade.
Ali estava eu paralisada com toda aquela papelada nas mãos sem conseguir assim me segurar em algum lugar e descer.
Olhei de novo e não mais o vi, o que aumentou meu medo. Imaginei que ele poderia estar escondido em algum canto sem muita luz, à espreita e quando eu descesse, ele me atacasse.
Queria gritar por socorro, mas as palavras não saiam de minha boca seca. Eu estava muda!
O tempo parecia não correr, como eu, estava parado.
Ninguém chegava…
Ninguém aparecia para me salvar.
Os minutos pareciam horas e eu ali sentindo o corpo todo tremer e suando como uma bica.
As pernas doíam de estarem na mesma posição.
Os olhos vasculhando tudo e não vendo nada!
O que ele faria? Onde eu estava que eu não conseguia vê-lo, mas eu sabia, tinha a certeza que ele ainda estava ali, à espreita, pronto para dar o bote.
Cinco minutos se passaram, mas parecia que toda a eternidade estava passando por mim.
Ninguém.
Apenas o silêncio incrível.
Até que finalmente apareceu meu herói.
Não veio montado no cavalo branco, mas com certeza vinha para me salvar.
A sensação de alívio me trouxe de volta à realidade.
- Ana, o que você esta fazendo aí parada em cima dessa cadeira cheia de processos na mão? Você pode cair daí. Venha, desça.
Segurei naquelas mãos salvadoras, me joguei nos braços do meu herói e aí vi o marginalzinho…
Parece que viu que eu não estava mais só e passou correndo por nós.
O rato correu e foi se esconder num buraco que eu imagino devia ser a sua casa.

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