com meus olhos abaixados
que, de forma criativa,
olham pra ambos os lados.
Se não posso ir adiante,
eu procuro uma saída
que me mostre, retumbante,
ser possível a escapulida.
Se é pra frente que se anda,
pelo lado abro caminhos.
Sei que é a vida quem manda,
então finjo que cedo, um pouquinho.
Uso a minha inteligência
para criar condições
de moldar, com paciência,
estupendas soluções.
Vou saindo, de fininho,
procurando outra estrada
que me leve, de mansinho,
à meta tão desejada.
Se, de todo, não consigo
encontrar atalhos, pontes,
confabulando comigo
resolvo voltar à fonte.
Volto ao ponto de partida,
onde a vida me barrou,
inicio a minha lida
ali, no ponto em que estou.
Vou construindo, seguros,
degraus que me possam levar
ao outro lado do muro
que me impede de passar.
Enquanto trabalho, aprendo,
com a espera, algumas lições:
que se consegue, fazendo,
e o quanto importam as ações.
Se eu sentasse e chorasse,
morresse de dar cabeçadas,
esperneasse, chutasse,
tentasse passar a pedradas...
De nada adiantariam
tamanhas encenações,
pois em nada abalariam
a vida e suas razões.
Mas construindo a escada
que me leva ao outro lado
aceito a minha escalada
e o meu esforço suado.
Com isso me sinto forte
capaz, com poder enorme
de não depender da sorte,
pois sonhar é pra quem dorme.
E chegando em cima, enfim,
vislumbro mil horizontes
que se reservam a mim
e aos que bebem destas fontes.
São mil possibilidades
entre as quais posso escolher,
pesando necessidades
e aspirações do meu ser.
Então, olhando para trás,
avaliando de onde vim,
percebo o que a vida faz
quando me nega o sim.
Ela me dá condição
de tentar amadurecer
gerando a situação
que me faz parar p’ra ver
que sou bicho limitado,
que sou alma aprendiz,
que meu mundo equilibrado
está sempre por um triz.
E de uma forma absoluta,
a paisagem então me diz
que, sem ter encarado a luta,
eu nunca seria feliz.
.
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