Ele ocupa o lugar do irmão mais velho em nossa família, não por sua opção, mas por força das contingências e por possuir os dons necessários para exercer esse papel que sempre desempenhou com responsabilidade e dedicação.
Aos quinze anos, ainda usando calças curtas, foi subitamente promovido a arrimo de família, em virtude do casamento inesperado do irmão que era de fato o primogênito. Amedrontado, ouviu de nossa mãe a sentença de que na semana seguinte, iria trabalhar como boy na Phillips do Brasil e passaria a estudar à noite. Para cristalizar esse momento solene, foi levado às lojas Ducal onde lhe compraram um terno e um par de sapatos pretos.
Assim, o menino franzino e medroso passou a enfrentar os trens cheios, onde era colocado para dentro, todas as manhãs, empurrado pela multidão que embarcava. E pode conhecer o centro da cidade nas andanças durante o expediente. Entretanto, permaneceu como boy por pouquíssimo tempo, sendo sua promoção motivada pela inteligência, responsabilidade e presteza na execução das tarefas que lhe eram atribuídas e também porque não ficava bem um boy trabalhando de terno. Essa postura de responsabilidade, orgulho e altivez, todos nós herdamos da mãe que, repetidamente nos estimulava dizendo: “É pra frente que se anda”.
Evidentemente que a Phillips foi seu único emprego, onde se aposentou após 35 anos de trabalho, atingindo o cargo máximo a que poderiam almejar aqueles que só contavam com competência, retidão de caráter e dedicação.
Sempre cuidou dos irmãos mais novos e mais velhos que ele, sete ao todo. Esteve ao lado da nossa mãe em todos os seus empreendimentos, já que nosso pai não compartilhava da mesma ambição e capacidade de lidar com a realidade, um pisciano típico, por natureza, contemplativo.
Mesmo com seu casamento, um tanto ou quanto tardio, continuou a ocupar-se de nossa família, sobretudo naquilo que se referisse à parte administrativa e legal. Foi, por todos esses anos, o burocrata de plantão e desempenhou funções de advogado sem nunca ter-se graduado nesta carreira, com competência e brilhantismo.
Nas questões ligadas à saúde, ele não se empenha, posto que é seu ponto fraco lidar com a doença. Deixa isso para as suas irmãs. Mas, quando se trata de cuidar dos óbitos da família, inventários, compras de bens e imóveis, sempre podemos contar com a sua prestimosa ajuda.
Ele sempre tem a palavra certa, a atitude coerente, a conduta irrepreensível e a ação protetora, nos momentos mais delicados de nossas vidas.
No fundo, ainda é o mesmo menino que pegava os doces de Cosme e Damião para organizar e dividir com os irmãos; que vendia as pipas que fazia e não soltava, para aumentar o orçamento familiar; que começou a trabalhar cedo e aprendeu com a vida que o mundo era ameaçador e que era preciso estar sempre alerta para não ser atingido. Com a maturidade, adquiriu a segurança que a competência e o progresso alcançado lhe trouxeram na expressão do seu dom natural para vendas.
Depois da morte de nossa mãe, que era seu grande exemplo e representava para todos nós a segurança e proteção, ele pode iniciar uma nova fase de sua vida.
Agora está sendo convidado a relaxar, soltar as amarras, dispensar defesas que hoje, mais o impedem que protegem e inaugurar um novo tempo.
Neste momento, ele já pode viver seus dias com mais calma e tranquilidade, dedicando-se mais a si mesmo, fazendo o que gosta de fazer, sem cobranças, sem expectativas, apenas saboreando os acontecimentos, expressando suas habilidades e exercendo suas funções de irmão mais velho, no que toca à proteção, orientação e esclarecimento. E podendo estar mais livre para se dedicar à esposa e ao filho, para os seus passeios, os contatos com os amigos ou simplesmente para ouvir o canto dos seus pássaros, uma de suas paixões.
Hoje é seu aniversário, quando completa 67 anos. E você merece de todos nós, seus irmãos, o reconhecimento de tudo que representa em nossas vidas e o agradecimento sincero por tudo que fez e continua a fazer por nós.
Um grande abraço, com todo o meu afeto, carinho e agradecimento. Beijos e um feliz aniversário.
Aos quinze anos, ainda usando calças curtas, foi subitamente promovido a arrimo de família, em virtude do casamento inesperado do irmão que era de fato o primogênito. Amedrontado, ouviu de nossa mãe a sentença de que na semana seguinte, iria trabalhar como boy na Phillips do Brasil e passaria a estudar à noite. Para cristalizar esse momento solene, foi levado às lojas Ducal onde lhe compraram um terno e um par de sapatos pretos.
Assim, o menino franzino e medroso passou a enfrentar os trens cheios, onde era colocado para dentro, todas as manhãs, empurrado pela multidão que embarcava. E pode conhecer o centro da cidade nas andanças durante o expediente. Entretanto, permaneceu como boy por pouquíssimo tempo, sendo sua promoção motivada pela inteligência, responsabilidade e presteza na execução das tarefas que lhe eram atribuídas e também porque não ficava bem um boy trabalhando de terno. Essa postura de responsabilidade, orgulho e altivez, todos nós herdamos da mãe que, repetidamente nos estimulava dizendo: “É pra frente que se anda”.
Evidentemente que a Phillips foi seu único emprego, onde se aposentou após 35 anos de trabalho, atingindo o cargo máximo a que poderiam almejar aqueles que só contavam com competência, retidão de caráter e dedicação.
Sempre cuidou dos irmãos mais novos e mais velhos que ele, sete ao todo. Esteve ao lado da nossa mãe em todos os seus empreendimentos, já que nosso pai não compartilhava da mesma ambição e capacidade de lidar com a realidade, um pisciano típico, por natureza, contemplativo.
Mesmo com seu casamento, um tanto ou quanto tardio, continuou a ocupar-se de nossa família, sobretudo naquilo que se referisse à parte administrativa e legal. Foi, por todos esses anos, o burocrata de plantão e desempenhou funções de advogado sem nunca ter-se graduado nesta carreira, com competência e brilhantismo.
Nas questões ligadas à saúde, ele não se empenha, posto que é seu ponto fraco lidar com a doença. Deixa isso para as suas irmãs. Mas, quando se trata de cuidar dos óbitos da família, inventários, compras de bens e imóveis, sempre podemos contar com a sua prestimosa ajuda.
Ele sempre tem a palavra certa, a atitude coerente, a conduta irrepreensível e a ação protetora, nos momentos mais delicados de nossas vidas.
No fundo, ainda é o mesmo menino que pegava os doces de Cosme e Damião para organizar e dividir com os irmãos; que vendia as pipas que fazia e não soltava, para aumentar o orçamento familiar; que começou a trabalhar cedo e aprendeu com a vida que o mundo era ameaçador e que era preciso estar sempre alerta para não ser atingido. Com a maturidade, adquiriu a segurança que a competência e o progresso alcançado lhe trouxeram na expressão do seu dom natural para vendas.
Depois da morte de nossa mãe, que era seu grande exemplo e representava para todos nós a segurança e proteção, ele pode iniciar uma nova fase de sua vida.
Agora está sendo convidado a relaxar, soltar as amarras, dispensar defesas que hoje, mais o impedem que protegem e inaugurar um novo tempo.
Neste momento, ele já pode viver seus dias com mais calma e tranquilidade, dedicando-se mais a si mesmo, fazendo o que gosta de fazer, sem cobranças, sem expectativas, apenas saboreando os acontecimentos, expressando suas habilidades e exercendo suas funções de irmão mais velho, no que toca à proteção, orientação e esclarecimento. E podendo estar mais livre para se dedicar à esposa e ao filho, para os seus passeios, os contatos com os amigos ou simplesmente para ouvir o canto dos seus pássaros, uma de suas paixões.
Hoje é seu aniversário, quando completa 67 anos. E você merece de todos nós, seus irmãos, o reconhecimento de tudo que representa em nossas vidas e o agradecimento sincero por tudo que fez e continua a fazer por nós.
Um grande abraço, com todo o meu afeto, carinho e agradecimento. Beijos e um feliz aniversário.
Visitem Alba Vieira
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário