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quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Ratos - por Alba Vieira

Eles estão jogados, caídos, subjugados, presos nas ruas, dormindo entre ratos, sonhando com a humanização possível(?).
Meninos perdidos, sujos, sem consciência, manchados com a nódoa das ruas, refletindo toda a sujeira e descaso dos que por eles passam sem os enxergar.
Arrasados, desfalecem sob o sol a pino do verão, em qualquer lugar, e só não irão morrer se forem despertados à força e levados por mãos compassivas, que ainda existem, para a sombra. Porque, no seu declínio de todas as horas, não reconhecem a luz, seu locus é lúgubre eternamente.
Esses meninos vão morrer e não deveriam, tão cedo! Famílias inteiras se desintegram e ocupam as ruas. Eles não se refugiam nas ruas mais desertas, ficam intencionalmente nas ruas principais. Mas não os enxergam! O que esperam da vida? Há vida para eles? O que lhes proporciona o crack? Que lacunas são preenchidas neles?
Será que no barato da droga, no êxtase tão efêmero onde se “integram”, onde naquele instante cada um deles é um com o todo, vale todo o resto do tempo, em que continuam excluídos, à margem, no lixo, dividindo com os ratos o espaço, imitando deles a respiração rápida e superficial que não faz parte da sua própria natureza e que advém do medo?
Eles são feitos ratos. São ratos que fedem, cinzentos, rápidos, fugidios, rechaçados, inspirando medo quando de fato só precisam de proteção.
E se são ratos por estarem assim, então porque os ratos que estão no poder não os veem? Por que não reconhecem sua mesma natureza de ratos, usurpadores do que não lhes pertence e direcionam recursos oriundos dos impostos arrancados covardemente dos trabalhadores para transformar essa triste realidade das ruas?
A quem pertencem esses meninos?
Só os compassivos se ocupam deles que, deslocados, continuam proliferando nas ruas, ameaçando quem passa com a barbárie por efeito das drogas e levando junto aqueles que ainda não se transmutaram em ratos também.
Quem será capaz de proteger-lhes de si mesmos?
Que programa social de verdade pretenderá modificar-lhes o destino realmente?
Não podem ser deixados à deriva simplesmente. Se assim for, arrastarão para o fundo aqueles que se julgam a salvo nos seus lares.
Urge que se faça alguma coisa para reverter essa situação absurda e desumana, senão por amor, ao menos por algo tão humano como o egoísmo, prevenindo o que está certo:
QUE PROLIFEREM CADA VEZ MAIS OS RATOS E TRAGAM A PESTE QUE DIZIMARÁ A TODOS – A PESTE NEGRA DA FALTA DE COMPAIXÃO.



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Um comentário:

Ana disse...

Extremamente profundo e forte, Alba! Adorei!
Beijos!