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(Aviso: Os textos em amarelo pertencem à categoria
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sábado, 9 de maio de 2009

Nem Tudo Está Perdido - por Alba Vieira

Fiquei pensando sobre o que tenho lido ultimamente aqui no Duelos, sobre o distanciamento entre as pessoas que parece existir hoje. E fui recordando situações que também tenho observado e que denunciam esta rejeição voluntária de gente por gente. Concordo que o que parece estar acontecendo é que as pessoas têm medo, constrangimento ou mesmo falta de desejo de proximidade com desconhecidos, reservando, na maioria das vezes, os seus sorrisos e mesmo um simples olhar somente para os que lhes dizem respeito.
Assim, parece tão estranha essa correria do dia a dia, as relações tão impessoais no trabalho, as pessoas da mesma família que mal se olham depois que voltam para casa, as relações fugidias que se estabelecem nos momentos de lazer e mesmo os relacionamentos de amor tão esvaziados hoje do contato profundo, por também, quase sempre, este ser negado a si mesmas. Realmente é muito incômodo, para os que amam e se interessam pelas pessoas, serem privados da sua atenção e substituídos por estes aparelhinhos irritantes que berram outras palavras que não as suas, inigualáveis e insubstituíveis pelo simples fato de serem do seu interlocutor em potencial no irretornável momento presente, semente da mais maravilhosa relação de sua vida, talvez, por mais interessante que possa ser o que eles estejam ouvindo.
Mas penso que isto não está acontecendo por acaso, até porque muitas pessoas que reclamam disto também costumam ter comportamentos de ignorar as outras pessoas, sem se darem conta. Quantas vezes andamos pelas ruas e olhamos de fato para os que passam por nós? Será que no contato com as pessoas de nosso trabalho paramos para observá-las, realmente, na sua emoção e profundidade ou somente notamos a sua capacidade de trabalho naquele dia, nos ocupando apenas com críticas e julgamentos? As pessoas que se relacionam com a gente diariamente passam por transformações e acontecimentos marcantes em suas vidas, olham para nossas caras todos os dias e acabamos sabendo destes fatos relevantes só muito tempo depois, sem que tenhamos mesmo apenas suspeitado deles, ainda que estivéssemos ali todo o tempo. Estranho isto, não?
O fato é que parece que não temos tempo para o outro, porque não temos tempo para nós mesmos. E isto gera um incômodo tão grande que tentamos nos distrair para não enxergar do lado de fora o que reflete o grito que abafamos dentro de nós mesmos. Eu penso é que a realidade está tão difícil de encarar com todas as suas distorções de desigualdades, tristezas, injustiças e dores (que não se consegue compreender a não ser que se afine o olhar), que é preferível, para muitos, se refugiarem no seu próprio mundinho, protegidos por algo que os isole dentro de um universo particular, primorosamente concebido dentro das suas preferências.
Então o que fazer para resgatar a proximidade com o outro, esse nosso semelhante?? É preciso que tentemos enxergá-lo como tal, percebamos que estamos todos no mesmo barco e que os tempos são de vento nordeste; que há pressa sim, porque os dias agora parecem durar só 16 horas e não 24, como antes. Então, meus caros, nada de nostalgia de cadeiras nas calçadas, cartas escritas de próprio punho para amigos ou amantes, conversas acaloradas nos bancos dos ônibus entre aqueles que nunca tinham se encontrado antes, embora estas gotinhas de felicidade ainda possam existir e realmente aconteçam. A gente tem que se virar mesmo é com o que está disponível e ir tentando se afinar com formas de comunicação mais sutilizadas e rápidas, com o mundo virtual.
Da mesma forma, penso que as transformações que estão ocorrendo de forma tão rápida no planeta e que nos colocam num estado de alerta, com tantas catástrofes naturais, ao mesmo tempo também muito nos ensinam sobre responsabilidade com o meio ambiente e desapego.
Esta aparente distância entre as pessoas pode significar o estímulo para o aprendizado e a utilização de novas formas de relacionamento entre os homens, mais sutilizadas, eficazes e talvez mais profundas em que sejamos capazes de captar com um olhar mais abrangente, pelo entrelaçamento das auras ou pelo simples sentir o outro, muito mais do que as palavras e gestos explícitos de carinho poderiam transmitir.
Portanto, é imperioso ampliarmos os nossos sentidos indo em direção aos outros, sem distinção de quaisquer qualificações tão irrelevantes hoje, de raça, cor, credo, gênero, posição social, preferência sexual etc.
Não está longe o dia em que o amor será a regra e poderemos nos atirar com confiança, buscando nossos semelhantes para relações baseadas no respeito, liberdade, igualdade e fraternidade.



Referências: Chá das 15, de Ana;
No Chá das 15, de Mellon;
Troque suas Amizades por um Mp3, de Bruno D’Almeida.
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Um comentário:

Ana disse...

Arrebentou, heim, Alba?!
Parabéns!
É isso aí!