Um dia estava eu andando por uma estrada deserta quando me dei conta de que estava cansada de prosseguir minha vida como vinha fazendo até então.
É que já estava farta de trilhar caminhos conhecidos, sempre o mesmo previsível desenrolar dos fatos, as mesmas pessoas a passarem por mim, as tarefas iguais a desempenhar, a criatividade como meta a ser alcançada depois.
Depois de quê? Será que haverá depois para quem se perde no agora? É possível esperar indefinidamente para ser o que se pensa que é sem correr o risco de ir amofinando, amarelando, desaparecendo do mesmo jeito que essa esperança vã que é o destino dos tontos que se aferram à realidade esquálida e sem sumo do cotidiano?
Estar ali, só, como há muito tempo não me acontecia, me deu ensejo a marcar um encontro com essa eu que tinha o costume de postergar o que era importante. Queria há tempos dizer a ela umas verdades. Quem sabe poderia compreender que tanta responsabilidade, tanta necessidade de segurança não combinava definitivamente com alegria de viver, espontaneidade e deslumbramento. E mais, teria que saber, sua rigidez quadradinha só atrapalhava às outras: ousadas, confiantes, autênticas, que habitavam o mesmo corpo.
Ela me ouviu, eu acho. É que, inexplicavelmente, senti um sopro diferente dentro de mim. A coluna endireitou, o peito se abriu, as juntas se soltaram, estava mais leve e, ao mesmo tempo, tinha ficado mais dona de mim. E brilhava, sentia uma corrente passar por mim e meu coração expandido numa alegria sem motivo. Sorria um sorriso puro, pra ninguém, continuava só, andando na mesma estrada.
Caminhava um passo após outro, em frente sempre, no mesmo ritmo, num estado de tal alheamento que aos poucos percebi que subia na diagonal, tornando-me cada vez mais leve, fora de mim.
Fechei os olhos e me deixei ir por um momento, que me pareceu infinito em seu significado, mergulhando numa realidade que não havia antes experimentado.
Eu era todas e nenhuma. Era unicamente luz. Vibrava o que sabia ser amor, estava preenchida, ligada a tudo, eu era tudo, nada pensava, estava no vácuo. E pela primeira vez eu era.
É que já estava farta de trilhar caminhos conhecidos, sempre o mesmo previsível desenrolar dos fatos, as mesmas pessoas a passarem por mim, as tarefas iguais a desempenhar, a criatividade como meta a ser alcançada depois.
Depois de quê? Será que haverá depois para quem se perde no agora? É possível esperar indefinidamente para ser o que se pensa que é sem correr o risco de ir amofinando, amarelando, desaparecendo do mesmo jeito que essa esperança vã que é o destino dos tontos que se aferram à realidade esquálida e sem sumo do cotidiano?
Estar ali, só, como há muito tempo não me acontecia, me deu ensejo a marcar um encontro com essa eu que tinha o costume de postergar o que era importante. Queria há tempos dizer a ela umas verdades. Quem sabe poderia compreender que tanta responsabilidade, tanta necessidade de segurança não combinava definitivamente com alegria de viver, espontaneidade e deslumbramento. E mais, teria que saber, sua rigidez quadradinha só atrapalhava às outras: ousadas, confiantes, autênticas, que habitavam o mesmo corpo.
Ela me ouviu, eu acho. É que, inexplicavelmente, senti um sopro diferente dentro de mim. A coluna endireitou, o peito se abriu, as juntas se soltaram, estava mais leve e, ao mesmo tempo, tinha ficado mais dona de mim. E brilhava, sentia uma corrente passar por mim e meu coração expandido numa alegria sem motivo. Sorria um sorriso puro, pra ninguém, continuava só, andando na mesma estrada.
Caminhava um passo após outro, em frente sempre, no mesmo ritmo, num estado de tal alheamento que aos poucos percebi que subia na diagonal, tornando-me cada vez mais leve, fora de mim.
Fechei os olhos e me deixei ir por um momento, que me pareceu infinito em seu significado, mergulhando numa realidade que não havia antes experimentado.
Eu era todas e nenhuma. Era unicamente luz. Vibrava o que sabia ser amor, estava preenchida, ligada a tudo, eu era tudo, nada pensava, estava no vácuo. E pela primeira vez eu era.
Visitem Alba Vieira
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Um comentário:
Muito bom, Alba!
Adorei!
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