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quinta-feira, 2 de abril de 2009

Rezemos aos Deuses por Nossos Maridos, Chefes, Dirigentes... - por Alba Vieira

Na década passada, quando uma irmã passou quase um ano na Índia fazendo pesquisa sobre lepra, eu, que na época imaginava que lá só houvesse pessoas de grande elevação espiritual, onde o sagrado estaria acima de todas as coisas, me decepcionei com os relatos de sua amarga experiência. Contou-me que o que imperava era a sujeira, a tentativa de sempre enganar os estrangeiros, uma preocupação excessiva com o material, a banalização da vida, preconceitos contra a mulher e a vergonhosa segregação em castas.
Claro que sendo um país de contrastes, esta era só uma visão de um ocidental que estava indo à Índia a trabalho e não com o intuito de desenvolver sua espiritualidade. Ela mesma ponderou sobre esta questão, mas o fato é que sentiu na pele, por tempo considerável, a realidade do dia a dia naquele país.
Hoje é inevitável não deixar de observar o que está sendo retratado na novela global que aborda este assunto e que está conseguindo expressar tão bem os contrastes entre o Ocidente e a cultura indiana, entre o que parece ser e o que de fato é e como cada questão, necessariamente, deve ser analisada respeitando-se a simbologia de cada povo. No fundo, os contrastes e os aparentes absurdos ocorrem em todas as culturas, segundo o ponto de vista.
Assim é que me chamou atenção o fato apresentado na novela sobre haver um dia de jejum das mulheres consagrado a pedir aos deuses proteção para os maridos, com anseio de vida longa e de todos os benefícios para eles. As suas mulheres se sacrificariam em troca desta benesse, claro que esperando as repercussões que teriam sobre suas próprias vidas.
Estranho me pareceu à primeira vista. Entretanto, refletindo sobre a questão, vi o quanto era interessante. Na verdade, é uma prática de visualização criativa, tão em moda por aqui depois do sucesso do livro “O Segredo”. Afinal, o jejum das mulheres facilitaria um estado de concentração da mente, em que elas mentalizariam coisas auspiciosas (saúde, vida longa...) para eles que, com sua boa sorte, refletiriam para elas um estado de tranquilidade, sucesso e bem-aventurança.
Achei muito pertinente esta prática (sobretudo para os de mente prática), só que penso que deveríamos estender nossas orações a todas as pessoas que influenciam direta ou indiretamente as nossas vidas: nossos pais, nossas famílias em geral, nossos professores, chefes, dirigentes de nosso estado e país...
Enfim, é muito mais simples absorver o conceito de que como estamos todos ligados, o que afeta a um afeta a todos. Desejemos o melhor e nos responsabilizemos, pois, por todos, por sua felicidade. E pelo planeta, é claro.
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Um comentário:

Ana disse...

Legal seu texto!