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quarta-feira, 15 de abril de 2009

O Difícil Caminho de um Histórico Profissional - por Jorge Queiroz da Silva

Vivia eu a alternativa da busca do emprego ideal, aquele que colocaria à prova todos os meus conhecimentos adquiridos ao longo dos anos. Aquele que iria confirmar se realmente eu estava preparado para assumir todos os desafios de uma grande Empresa.
Com esse objetivo, participei do processo de seleção que, por sinal, considerei o mais complicado de todos os que eu já havia, até então, disputado.
Naquela época desconhecia o mecanismo desses processos e transitei por uma longa estrada em várias entrevistas.
A primeira delas foi com um funcionário federal lotado na Superintendência de Marinha Mercante, como Diretor da Divisão de Auditoria, e que, por via política, assessorava um grande industrial europeu.
Foi bastante desgastante. Atendi a cinco convocações em dias diferentes e a cada uma delas eu respondia a perguntas do meu entrevistador, que sempre afirmava que dispunha de pouco tempo e não poderia me entrevistar como desejava.
Dessas cinco convocações, a primeira durou cinco minutos em uma das salas, a segunda, com outro entrevistador, aconteceu na recepção da Empresa, a terceira dentro de um elevador no trajeto entre a cobertura e o andar térreo, a quarta andando pela Av. Rio Branco e, finalmente, a derradeira e quinta entrevista, já dentro da sua sala, onde me anunciou que eu seria admitido após a apresentação dos exames e documentos necessários.Lembro-me bem do seu sorriso quando me deu os parabéns por ter sido escolhido entre quase vinte candidatos.Completou que por aquele motivo iam inicialmente pagar-me o mesmo salário do antigo emprego e após trinta dias de experiência, teria um reajuste de vinte por cento. Julguei, naquele dia, que o referido senhor pensava estar admitindo o mais fraco dos candidatos para garantir-se, sem precisar ter medo de perder o lugar.
Talvez pensasse ele que eu não tivesse os conhecimentos necessários para comandar um Departamento Financeiro de um grande grupo internacional que envolvia importação e exportação, câmbio, dívida externa, Bancos Nacionais e Internacionais, contas caucionadas, balancetes, cobrança em nível nacional, além das aplicações financeiras.
Quis fazer de mim um mero assistente do trabalho que desenvolvia. Colocou-me ao seu lado na mesa e pediu-me que ficasse observando como trabalhava.
Assim eu fiz, fiquei calmo e atento.
Após o primeiro expediente, ele me disse que era um assessor somente de meio expediente, pois tinha um emprego público e por aquele motivo os Diretores estavam com a idéia de substituí-lo.
Convidou-me para um lanche com o propósito, como disse, de me passar algumas “dicas”.
Já na lanchonete, fiquei surpreso, pois o prato a mim oferecido era simplesmente uma cilada, para que eu ficasse impedido de assumir aquela posição. O MEU LANCHE ERA COMPOSTO DE LINGUIÇA FRITA COM CACHAÇA!
Foi problemático estar novo no emprego, numa função de responsabilidade, trabalhando com finanças e durante o período experimental ter que conviver com bebida alcoólica e comidas perigosas oferecidas por aquele senhor.
Mas aquela posição falsificada de assistente foi modificada quando o presidente do grupo, muito inteligente, observou o que se passava e determinou que as posições deveriam estar invertidas, pois eu assumiria a mesa de trabalho e ele observaria a minha desenvoltura.
Aquela ordem modificou seus planos e, no dia seguinte, ele não mais compareceu ao serviço.
A justiça então se fez e eu, sozinho, conduzi todo o trabalho e segurei a posição, graças a Deus!



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Um comentário:

Ana disse...

Muito legal esta história!