Saí de casa hoje decidida a enxergar além daquilo que definimos como realidade. Seria um desafio, eu bem sabia, tanto que nos acostumamos a acreditar em tudo que conseguimos perceber com nossos parcos cinco sentidos, já que a maioria de nós não desenvolveu outros. Só que eu tenho sido informada, repetidamente, nos últimos anos, por fontes variadas, de que a realidade é pura ilusão e o que é de fato real está além disso e até podemos participar de sua criação, já que não existe realidade sem um observador. Apesar de parecer complicado, resolvi experimentar como funcionava.
Como ainda era aprendiz, seria prudente ir aos poucos, considerando uma coisa de cada vez, o que, em si, já seria um paradoxo, uma vez que a realidade é sentir-se integrado ao Todo, mas como nosso condicionamento foi apreender a realidade em partes separadas, o que é pura ilusão, achei melhor desta forma, pelo menos no início.
Hoje eu me ocuparia de olhar para as pessoas que passassem por mim. Quantas coisas enxerguei quando me permiti não limitar o sentido da visão. Ele se expandiu, captando além da imagem que os olhos, do ponto de vista anátomo-funcional (rsrs).
Assim foi que logo no elevador dei de cara com o vizinho do décimo andar e percebi que por trás da expressão de homem bem acordado, cheio de disposição e afabilidade no trato, havia alguém deprimido que desejava ter permanecido na cama e extremamente raivoso, tinha cara de poucos amigos.
Na rua, esbarrei com um menino deitado no chão frio, sob neblina, encolhido e sem coberta. Mas era pura ilusão a impressão de sofrimento que ele me passou: olhando bem, ele dormia sossegado, sua alma tranquilamente aguardava que abrisse os olhos para um novo dia sem expectativas e, naquele momento, as ações externas eram incapazes de fustigar seu corpo físico, já que ele (o menino) não se identificava com ele (o corpo).
Logo adiante parei para esperar meu ônibus e qual não foi minha surpresa quando, ao mirar outros coletivos que passavam, o que vislumbrei foram enormes carros de circo com suas gaiolas apinhadas de animais presos que desfilavam diante dos transeuntes em cada cidade onde chegavam para fazer espetáculos.
Desta forma concluí que a realidade de fato é plástica, bastando sermos co-criadores para nos divertirmos à vontade.
Texto cujos título e início foram utilizados para Mágica no Cotidiano - As Nossas Histórias VI.
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2 comentários:
CASULO
A menina escreve o que lhe vem à cabeça
Terá alma de poeta a menina que escreve?
A menina sonha
E eu vejo o seu sonho ali,
Nas palavras,
No papel
É linda a menina que sonha
É linda a menina que escreve
É linda a menina que é
E o tempo vai passando...
Amores e desamores
Encontros e desencontros
Vão fazendo da menina,
De mansinho,
Uma mulher
Alba:
Muito bom seu texto!
Gostei!
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