Os domingos de sol, propícios para aquelas brincadeiras típicas da Rua Quatro, em que sempre arrumávamos coisas diversas para fazer, era o maior momento das semanas. Se não tivesse um futebol, era taco… Mas me lembro que, nesta época, a febre na Vila Brasília era a bicicleta. Cada um com a sua, subíamos e descíamos as ruas a ponto de atormentarmos a vizinhança com as gritarias e afins.
Dona Rosa sempre reclamava:
– “Essa molecada dos inferno!” – desse mesmo jeito! Pouco ligávamos, afinal como iríamos nos divertir sem barulho?
Sempre tivemos uma amizade incrível. Crescemos juntos, aprendemos as coisas juntos, jogávamos no Estrela. Era uma época incrível.
Mas vá lá, voltemos à “bicicletomania”. Dentre todos da rua, destacava-se apenas um, um primo meu, recém chegado do Interior de São Paulo. Esse destaque não se refere ao mais valente, mais corajoso ou coisas desse tipo. Não! Era destacado por não sair de casa, não conversar com ninguém e o pior: não saber andar de bicicleta. Leandro, Cauê, Zé e eu, por sermos parentes, tínhamos uma missão: ensinar Breno a como andar de bicicleta. Sabíamos que não seria fácil, que seria muito trabalhoso ensinar nossas técnicas animais a ele.
Com o passar do tempo e com os ensinamentos, Breno – O Grande Brenosmerda – foi pegando o jeito e já estava dando suas primeiras pedaladas.
Um mês, dois, se passaram, Breno a perceber seu dom, já dominava a magrela como ninguém na rua. Empinava, dava cavalo-de-pau, andava sem as mãos no guidão… Era espetacular vê-lo fazer as manobras. O porém desta fase de Breno, se devia ao fato de que ele não tinha bicicleta e andava com as nossas, que, por sinal, eram de última geração, todas de dezesseis marchas.
Breno era atrevido e quando surgiu a oportunidade de mostrar sua astúcia, logo providenciou o empréstimo da bicicleta da Priscila, sem marchas. Mas mesmo com aquela velha e enferrujada Caloi, Breno ainda realizava as manobras mais ousadas de toda a Vila.
Os dias passavam, a ousadia crescia e a Caloi ia se acabando, mas nada que pudesse parar Brenosmerda.
E foi que, num desses domingos, todos nos aventurávamos descendo e subindo as ruas e o grande conosco, porém sem andar. Ele estava preparando um número espetaculoso, que passou o dia anterior inteiro desenvolvendo. Paramos de andar e Breno pegou sua enferrujada emprestada, subiu até o fim da rua, começou a descer em alta velocidade. Ficou sobre o banco, em pé – até levantamos, lá do começo da rua.
– “Cara, irado!!” - era o que se ouvia.
Breno, após essa grande manobra, sentou-se no banco de Caloi, ainda em grande velocidade. Foi então que ele percebeu: sua singela magrela havia perdido o freio. Breno, estranhamente, teve seus sentidos de domador de duas rodas vetados com essa situação. Percebemos a aflição de nosso ídolo, e gritávamos para frear, enquanto ele nos respondia:
– “Não dá, não dá!”.
– “Vira, Breno!”
E a resposta era imediata:
– “Não consigo!!”
Breno passou na nossa frente com um foguete indomável, descendo em velocidade constante até o muro mais próximo, o da garagem de ônibus, o ponto de referência maior de nossa vila.
Imediatamente corremos até o local do desastre e nos sentíamos como um país derrotado em guerra, ao ver o líder caído e sem ter referência nenhuma.
Breno foi hospitalado, com graves problemas e após um mês voltou à vila, dizendo que nunca mais na vida iria andar de bicicleta.
A Era das Bikes passou, vindo a ser substituída pela época dos Skates.
Ah, essa época era boa, agora era ainda mais radical. Nossos skates eram animais e todos da rua tinham, menos um, o Breno.
Meus primos e eu, a fim de incluir Breno, tínhamos uma missão: ensinar Breno a domar o skate!
Recuperado, Breno passou a aprender as manobras da pranchinha sobre rodas e dominou aquele objeto. Se tornou o grande ídolo dos skatistas da Vila Brasília.
Um mês, dois, se passaram, Breno a perceber seu dom, já dominava o skate como ninguém na rua.
(…)
Dona Rosa sempre reclamava:
– “Essa molecada dos inferno!” – desse mesmo jeito! Pouco ligávamos, afinal como iríamos nos divertir sem barulho?
Sempre tivemos uma amizade incrível. Crescemos juntos, aprendemos as coisas juntos, jogávamos no Estrela. Era uma época incrível.
Mas vá lá, voltemos à “bicicletomania”. Dentre todos da rua, destacava-se apenas um, um primo meu, recém chegado do Interior de São Paulo. Esse destaque não se refere ao mais valente, mais corajoso ou coisas desse tipo. Não! Era destacado por não sair de casa, não conversar com ninguém e o pior: não saber andar de bicicleta. Leandro, Cauê, Zé e eu, por sermos parentes, tínhamos uma missão: ensinar Breno a como andar de bicicleta. Sabíamos que não seria fácil, que seria muito trabalhoso ensinar nossas técnicas animais a ele.
Com o passar do tempo e com os ensinamentos, Breno – O Grande Brenosmerda – foi pegando o jeito e já estava dando suas primeiras pedaladas.
Um mês, dois, se passaram, Breno a perceber seu dom, já dominava a magrela como ninguém na rua. Empinava, dava cavalo-de-pau, andava sem as mãos no guidão… Era espetacular vê-lo fazer as manobras. O porém desta fase de Breno, se devia ao fato de que ele não tinha bicicleta e andava com as nossas, que, por sinal, eram de última geração, todas de dezesseis marchas.
Breno era atrevido e quando surgiu a oportunidade de mostrar sua astúcia, logo providenciou o empréstimo da bicicleta da Priscila, sem marchas. Mas mesmo com aquela velha e enferrujada Caloi, Breno ainda realizava as manobras mais ousadas de toda a Vila.
Os dias passavam, a ousadia crescia e a Caloi ia se acabando, mas nada que pudesse parar Brenosmerda.
E foi que, num desses domingos, todos nos aventurávamos descendo e subindo as ruas e o grande conosco, porém sem andar. Ele estava preparando um número espetaculoso, que passou o dia anterior inteiro desenvolvendo. Paramos de andar e Breno pegou sua enferrujada emprestada, subiu até o fim da rua, começou a descer em alta velocidade. Ficou sobre o banco, em pé – até levantamos, lá do começo da rua.
– “Cara, irado!!” - era o que se ouvia.
Breno, após essa grande manobra, sentou-se no banco de Caloi, ainda em grande velocidade. Foi então que ele percebeu: sua singela magrela havia perdido o freio. Breno, estranhamente, teve seus sentidos de domador de duas rodas vetados com essa situação. Percebemos a aflição de nosso ídolo, e gritávamos para frear, enquanto ele nos respondia:
– “Não dá, não dá!”.
– “Vira, Breno!”
E a resposta era imediata:
– “Não consigo!!”
Breno passou na nossa frente com um foguete indomável, descendo em velocidade constante até o muro mais próximo, o da garagem de ônibus, o ponto de referência maior de nossa vila.
Imediatamente corremos até o local do desastre e nos sentíamos como um país derrotado em guerra, ao ver o líder caído e sem ter referência nenhuma.
Breno foi hospitalado, com graves problemas e após um mês voltou à vila, dizendo que nunca mais na vida iria andar de bicicleta.
A Era das Bikes passou, vindo a ser substituída pela época dos Skates.
Ah, essa época era boa, agora era ainda mais radical. Nossos skates eram animais e todos da rua tinham, menos um, o Breno.
Meus primos e eu, a fim de incluir Breno, tínhamos uma missão: ensinar Breno a domar o skate!
Recuperado, Breno passou a aprender as manobras da pranchinha sobre rodas e dominou aquele objeto. Se tornou o grande ídolo dos skatistas da Vila Brasília.
Um mês, dois, se passaram, Breno a perceber seu dom, já dominava o skate como ninguém na rua.
(…)
Visitem Thiago Benício
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Um comentário:
Adorei, Thiago!
Estamos esperando Breno II - a Missão, o Retorno, a Vingança... rsrs
Gosto muito do que você escreve!
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