Decidi. Não consigo mais contigo conviver
Mas fico pensando que as coisas
Não estavam tão ruins assim
Apenas não conseguia mais viver
Com você tão perto de mim…
Decidi. Não quero mais te ver
Não quero mais o teu rosto junto ao meu
quando acordo
Tua barba roçando em meu queixo
Teus lábios beijando meus lábios
com gosto de mentira
A sensação estranha e inquieta
de fracasso…
De quem é a culpa? Me pergunto.
Fico pensando nos projetos de vida
que fizemos juntos
e que não deram certo…
Onde errei? Onde erraste?
Por que eu?
Onde errei, meu Deus?
Sinto-me perdida, rejeitada
Sinto-me feia, desinteressada.
Tenho medo de tentar e não saber mais ser feliz
Tenho medo de te ver e te saber infeliz.
Tem dias que acordo assim feliz,
sorridente, alegre, confiante.
Mas tem dias em que meu céu fica nublado
como se vivesse num sobe e desce.
Como se a vida fosse uma montanha russa.
E eu me sinto um judeu errante
a caminhar na mesma estrada,
todos os monótonos dias
E aí vem a vontade cigana
de parar, mudar o rumo,
bater em retirada…
Conheço-te tão bem, tão profundamente
Que me é difícil fazer de ti um estranho
quebrar nossos vínculos me parece tão demente,
unir nossos corpos me dá a certeza de ser tão insana.
Não quero sentir ódio e nem fazer revanche.
Quero pensar em mim, na decisão que tomei.
Nada de brigas, de revoltas, de vingança.
O que passou, passou e eu sei que te amei.
Amei-te homem, amei-te menino, amei-te criança.
Mas cansei e decidi. Quero cair no mundo
Voltar a ser sozinha, buscar de novo a paz
Que você tirou de mim há muito tempo atrás
e que só agora percebo a falta que me faz…
Devagar começo a me acostumar
A ver estrelas sozinha
A ver o mundo de novo cor-de-rosa
A ver a lua inquieta em polvorosa
A me ver faxinando nua, os sentimentos teus.
Velhos e gastos e empurrando para baixo
Do nosso usado e estragado tapete da vida.
Decidi enfim agir, sair da inércia
decidi enfim tomar as rédeas da ação
Quando nada mais resta de um amor tão grande,
Resta a dignidade de uma separação.
Não sintas raiva de mim assim como eu
Não quero sentir pena de ti
Quero que apenas me entendas
Quero apenas poder ter a chance
De começar de novo
de ser novamente feliz
Como na música que tanto ouvi:
“Sem o teu carinho
sem os teus abraços
sem tuas mentiras
sem os teus fracassos”
Permita-me começar de novo
permita-me ser uma nova mulher
quero ter um novo amigo
quero ficar de bem comigo
por isso e para isso te digo:
Vai, pois de ti nada mais preciso!
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Someday I’ll Love Ocean Vuong / Um dia amarei Ocean Vuong [Ocean Vuong]
-
*Beautiful photomechanical prints of Lotus Flowers (1887–1897) by Ogawa
Kazumasa.*
Ocean, não tenha medo.
O fim da estrada é tão distante
que ela já ...
Um comentário:
Ana Maria:
Esta sua poesia possui imagens muito legais!
Parabéns! Adorei!
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