Esta noite está muito fria, é quinta-feira, olho pela janela e percebo a cidade silenciosa, escura, coberta de uma névoa, ninguém passando em suas ruas… Aliás, raramente alguém passa à noite por estas ruas próximas a minha casa, pelo menos caminhando. Sei que amanhã, talvez, verei as ruas movimentadas. Todos em busca de sol.
Diante da janela volto o olhar para a cama, meus olhos acabam por perderem-se na beleza da minha amada sob o edredom, dormindo mergulhada em sonhos da noite, que logo pela manhã me serão revelados por ocasião do café da manhã…
Pela força do hábito, passo a me interrogar se isso é felicidade. Está ali, na janela do quarto, procurando encontrar-se com o sono e se ver numa encruzilhada de pensamentos sobre o que é ser feliz. Fico a pensar: Porque a teimosia da alma em buscar a felicidade? Ah, deve ser para expô-la aos filhos como receita de objetivos da vida. Ou talvez como argumento pessoal de auto-sustentação emocional. Sei lá, só sei que esses fatos se repetem vez por outra…
Tento recolher-me – afinal minha cama está quente, minha outra metade está lá… Volto pra cama relutando, em protesto e na tentativa de dormir, voltam-se os pensamentos, rondando-me como que querendo me arrastar para um turbilhão de dúvidas e incertezas. E insistem.
Fecho os olhos, faço uma prece, repentinamente sinto, deslizando lentamente sobre minha face, lágrimas acompanhadas de um sentimento tão nobre e impossível de tê-lo espontaneamente. Levanto-me rápido, vou ao quarto ao lado e vejo minha filha Milena embrulhada sob os lençóis como um lindo presente do Alto.
Novamente no meu quarto, agora convencido que sou feliz, beijo suavemente minha companheira e agradeço aquele frio que faz lá fora, mas que não consegue congelar meu coração.
É, faz frio de doer, mas sinto o coração aquecido. É ELA, a FELICIDADE em pessoa…
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