Chove. É madrugada. Todos na casa dormem. Acordo de um período breve de sono vencida pelo calor excessivo. Ainda sonolenta abro a janela. É abafado dentro de casa. Através da grade observo, do outro lado da rua, a casa de jardim amplo e de repente sou jogada de encontro à minha alma. Olhamo-nos, separadas pelos triângulos de ferro que “protegem” minha casa. Surpreendo-me e me percorre o corpo uma corrente elétrica concomitante ao ruído supersônico que, neste estado ampliado, percebo no mesmo instante em que vislumbro morcegos cruzando o ar entre as árvores copadas. As frestas da grade, com a janela semi-aberta, teriam deixado penetrar um morcego, assim como olhar a noite quieta com a chuva fina caindo e refrescando os corpos do intenso calor não me salvou do contato terrível comigo mesma.
Pensei em como me excitou supor que, entrando no quarto naquela noite, o morcego viria direto ao meu pescoço e sugaria meu sangue, me aliviando do excesso talvez de uma vida, equilibrando meus humores tal qual a chuva que cai agora mais suave e fria e arrefece o calor de tantos que, vermelhos de raiva, destilam seu ódio há tantos dias, numa logorréia também supersônica que agride meus ouvidos, que consegue sujar minha aura.
Terrível encontro porque, na madrugada quieta, sem gente na rua, o vazio das pessoas, a supremacia das forças da natureza com a chuva agora novamente pesada despencando do céu, me faz ansiar por uma catástrofe que, dizimando muitos milhares de humanos, talvez consiga aliviar o sofrimento do mundo.
E o ruído dos morcegos nesta noite também guiará meu caminho quando novamente tentar voltar a dormir. Porque, excitada pelo pensamento de que a tragédia, a morte, é a única solução para o impasse deste atual aprisionamento da minha alma, é provável me chocar com a culpa e acabar num sonho erótico com vampiros em noite de temporal.
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Pensei em como me excitou supor que, entrando no quarto naquela noite, o morcego viria direto ao meu pescoço e sugaria meu sangue, me aliviando do excesso talvez de uma vida, equilibrando meus humores tal qual a chuva que cai agora mais suave e fria e arrefece o calor de tantos que, vermelhos de raiva, destilam seu ódio há tantos dias, numa logorréia também supersônica que agride meus ouvidos, que consegue sujar minha aura.
Terrível encontro porque, na madrugada quieta, sem gente na rua, o vazio das pessoas, a supremacia das forças da natureza com a chuva agora novamente pesada despencando do céu, me faz ansiar por uma catástrofe que, dizimando muitos milhares de humanos, talvez consiga aliviar o sofrimento do mundo.
E o ruído dos morcegos nesta noite também guiará meu caminho quando novamente tentar voltar a dormir. Porque, excitada pelo pensamento de que a tragédia, a morte, é a única solução para o impasse deste atual aprisionamento da minha alma, é provável me chocar com a culpa e acabar num sonho erótico com vampiros em noite de temporal.
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Um comentário:
Comentário por Ana — 2 janeiro 2009 @ 10:48
Delírio total!!!!!!
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