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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Carnaval - por Adir Vieira

Tinha eu quatorze anos, época em que os hormônios clamam por felicidade.
Na semana seguinte seria Carnaval e primas e amiguinhas de melhores posses do que eu, não falavam de outra coisa e, como sempre, já haviam decidido o que fazer e para onde ir naquela longa semana de folga.
Só eu e minhas irmãs cumpriríamos a mesma rotina de dias iguais, já que não tínhamos condições financeiras para gastos com lazer.
Era Carnaval e eu, mais do que ninguém ficava enlouquecida com os bailes fomentados na mente, na imaginação desenfreada de quem admira a festa.
Acho que naquele dia, Deus ouviu minhas preces e fez com que duas das minhas primas mais próximas convidassem a mim e a minha irmã quase gêmea, então com treze anos, para um baile noturno. Não seria perigoso pois todos iríamos com meus tios e era bem próximo de casa, num daqueles clubes familiares criados por moradores do local. Antes que meus pais consentissem – sabia que iriam permitir nossa ida – fiz de relance uma fantasia em torno da questão. Lá, já me vi pulando entre os foliões e chamando a atenção geral com a minha fantasia. No entanto, a fantasia seria um grande problema, já que não possuíamos nenhuma veste que, trabalhada em última hora, pudesse ser transformada em traje carnavalesco.
Sem admitir essa impossibilidade, resolvi vestir o meu vestido mais apresentável, verde água, por cima de uma calça preta justa. Colocado por dentro da calça, dobrava-se por cima dela, dando uma aparência de – melindrosa – que, com colares e pulseiras coloridos, nada deixaria a desejar a fantasias mais simples.
Fiz o mesmo com o de minha irmã que era de cor rosa. E assim, fomos para o baile.
Eu me diverti tanto, tanto, que nem um lanche oferecido pelo meu tio me fez parar de dançar.
Nas primeiras horas da madrugada e com o baile terminando, fomos deixadas na porta de casa. Meu pai, avisado com antecedência, abriu a porta em silêncio, para que as outras crianças e minha mãe não acordassem.
Minha alegria cessou quando, ao me despir para o banho, deparei-me com o vestido, único traje para as ocasiões festeiras, todo manchado de preto. O mesmo ocorreu com o de minha irmã.
Não preciso detalhar o que ocorreu no dia seguinte quando minha mãe viu, nem sobre os castigos que sofremos.
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Um comentário:

Anônimo disse...

Muito legal!
Mas deu uma peninha de vocês!... Tadinhas...