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terça-feira, 23 de novembro de 2010

Nas Trevas da Ignorância (E Sem Lanterna) - por Fatinha

Querido Brógui:

Ontem fiz um programa super-ultra-mega cabeça: fui ao lançamento do livro de uma grande amiga, conquistada nos idos tempos da faculdade de História, isso há aproximadamente dois milênios atrás. Diferentemente de mim, ela dedicou-se à sua carreira de pesquisadora, enquanto eu enveredei pelos caminhos da sala de aula, depois faculdade de Direito, depois concursanda eterna, depois blogueira… Um dia eu descubro o que eu quero ser quando crescer.
Voltando à vaca fria, há muito tempo não fica tão clara a minha ignorância na matéria. É, eu sei que sou professora de História e isso deveria significar um certo domínio da matéria. No entanto, o fato é que, apesar de isso ser mais ou menos implícito, está a léguas de distância da realidade. O que eu sei é o basiquinho, pílulas de conhecimento, o suficiente pra encarar meu alunado, que, cá pra nós, é bem pouco exigente e bem pouco capaz (infelizmente).
Uma vez, um amigo disse que dar aulas em escola pública era um processo de emburrecimento. Não concordei na época, porque ainda dava aulas “cuspe só”, não passava matéria no quadro, me recusava a dar exercícios de decoreba, só aplicava prova discursiva, deixava metade dos alunos de recuperação e a outra metade eu reprovava. Eu acreditava que eles tinham que se virar pra estudar e aprender, como eu sempre fiz. Com o passar do tempo, caí na real. Não é assim que funciona. Comecei a selecionar criteriosamente o mínimo necessário a ser ensinado, mínimo esse que diminui a cada ano e ainda assim é muita coisa. Com isso, parei de estudar, parei de me aprofundar e parei de saber História. É isso.
Voltando à vaca quase congelada, em determinado momento, a conversa estava acontecendo e eu ali, entendendo nada, fazendo cara de inteligente, evitando falar besteira ou perguntar quem diabos era fulano de tal. Fui dar uma voltinha na livraria, li umas revistas em quadrinho, folheei um livro com fotografias de todos os cartazes de filmes da década de trinta, um pedaço do livro do Ariano Suassuna, outro de Fernando Pessoa, voltei para a rodinha e, corajosamente, encarei minha ignorância. Foi duro.
A propósito: o nome do livro dela é “Tempo negro, temperatura sufocante. Estado e sociedade no Brasil do AI-5”. Não li ainda, nem comprei, porque fui desprevenida (só eu mesmo pra ir ao lançamento de um livro sem dinheiro pra comprar o tal…), mas pretendo me livrar das trevas da ignorância assim que possível.
E pra deixar claro: eu sei o que foi o AI-5, tá legal? Ignorância tem limites.
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Postado, originalmente, em 05/11/2008.
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