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(Aviso: Os textos em amarelo pertencem à categoria
Eróticos.)




terça-feira, 16 de março de 2010

A Máquina de Lavar - por Fatinha

Querido Brógui:
.Segunda-feira, dia de corno. Nada como uma edição do Querido Diário requentada para começar bem o dia. Essa é do início de 2007.
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.“Querido Diário:

Cássia está com tendinite. Não veio trabalhar essa semana toda. Aqui em casa a roupa é lavada semana sim, semana não. Como essa era a semana sim que virou semana não, na sexta-feira percebi aterrorizada que não me restava limpo um pé de meia, uma blusinha, uma roupinha de ginástica, nadinha. Minhas gavetas estavam completamente vazias e o cesto de roupa suja completamente cheio. O meu terror veio da dupla constatação: 1) eu teria que encarar uma lavação de roupa; 2) tenho bem menos roupas do que gostaria de ter. Das duas, a última foi a que mais me doeu, é claro.
Então, cheguei ontem do curso já preparada psicologicamente para dar uma de peniqueira. Enquanto almoçava, lembrei-me vagamente de que não dominava a complexa técnica de operar a nova máquina de lavar. Pode parar de rir, essa é uma tarefa difícil, sim, nem vem. Poucas pessoas a sabem executar com maestria.
Bem, como penica que é penica não foge à luta, peguei o cesto de roupas sujas, fui lá pra trás, dei uma olhadinha nos botõezinhos daquela coisa (é botão que não acaba mais, a outra máquina só tinha o de ligar e o de desligar), tentei adivinhar como aquilo funcionava, não consegui e acabei por me render à leitura do Manuel.
Na máquina antiga, a gente primeiro enchia de água e depois botava a roupa. Foi o que fiz, coloquei a máquina pra encher enquanto lia as instruções. Aí, dez páginas depois, chegou numa parte que dizia: “nunca encha a máquina de água antes de colocar as roupas”. Danou-se. Já comecei errando. Desliguei rapidinho e pensei em esvaziá-la pra botar a roupa e depois encher de novo. Só que no Manuel não ensinava como tirar a água da máquina. Não sucumbi à tentação de tirar a água de dentro dela com um balde, achei que seria burrice demais, até para mim. Decidi colocar a roupa com ela cheia mesmo, qual o problema? Na medida em que fui colocando a roupa, o nível de água foi subindo, subindo. Simples lei da física aplicada à atividade peniqueira. Enquanto isso, continuei lendo as dicas do Manuel e cheguei na parte que ele dizia: “o nível da água não pode passar do quarto furo da bacia.” Que bacia? A bacia aqui de casa não está furada… É até relativamente nova… Não, sua Anta, a bacia da máquina, disse-me o Manuel. Parei de colocar roupa antes que transbordasse, liguei novamente a máquina e ela começou a bater.
Daí o Manuel me disse: “coloque o sabão em pó e o amaciante nos recipientes devidos.” Danou-se de novo! Esqueci que tinha que colocar sabão em pó e amaciante. Abri a máquina pra colocar o tal do sabão em pó e o amaciante e ela parou de bater. Pronto! Quebrou. Não, sua Anta, toda vez que você abre a tampa, ela para. Ah, tá. E cadê os tais dos recipientes devidos? Achei. Comecei a puxar e o treco não abria a tampinha. Lógico, sua Anta, não é de puxar, é uma gavetinha dividida em duas metades. Qual será a metade pra botar o sabão? E cadê o sabão? Onde será que a Cássia esconde o sabão em pó e o amaciante?
Vitória! Imagina se eu, com dois cursos superiores completos, mais de mil livros lidos, curso de inglês na Cultura, vinte anos de magistério e dez anos de academia de ginástica, iria ser derrotada por uma simples máquina de lavar! Fiquei contemplando minha façanha, embevecida, toda orgulhosa, quando de repente a bicha parou de bater de novo. Agora danou-se mesmo. Dessa vez eu consegui quebrar a máquina. Minha mãe vai me matar e o pior é que depois de morta ainda vou ter que lavar essa montanha de roupa no tanque!
Fiquei alguns minutos olhando para a máquina, em estado de choque, tentando inventar uma boa mentira pra contar pra minha mãe e ao mesmo tempo pensando como iria fazer pra tirar a roupa e a água de dentro daquela meleca. Repentinamente, ela começou a bater de novo. ???? É que o ciclo de lavagem completa tem uma batidinha e um intervalo pro molho, outra batidinha, outro intervalo, sua Anta! Legal, entendi.
Dei conta de toda a roupa da casa após três ciclos de lavagem completa. Pendurei tudo na corda, subindo e descendo as escadas para o terraço com as bacias cheias. Pura aeróbica.
Finalizei a missão com a alma lavada e enxaguada, como dizia Odorico Paraguaçú. Nada como um servicinho de corno pra deixar a pessoa livre de quaisquer problemas existenciais, emocionais, sexuais ou financeiros.”
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.Repostado, originalmente, em 13/10/2008.
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.Visitem Fatinha
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Um comentário:

Caca disse...

Fatinha, isso é uma terapia e tanto. hehehe! Adorei a crônica bem humorada.Abraços. Paz e bem.