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quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Tá Tudo Liberado! - por Gio

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Essa semana que passou, estava tomando café e vendo o jorn... Pausa.

Acordar cedo e levantar a tempo de tomar café vendo o jornal de manhã tem sido um evento raro para mim, já que faz um mês que eu chego atrasado à faculdade por conta do sono. Então, uma situação de uma raridade como essa merece um pouco mais de destaque. Vamos recomeçar:

Numa das raras vezes que consegui levantar cedo esse mês – coincidentemente, semana passada –, eu estava vendo o jornal e vi uma notícia q... Mais uma pausa.

É a segunda vez que eu levanto cedo no mês, e é a segunda vez que eu acordo com uma notícia catastrófica. Se continuar nesse ritmo, até o fim do ano acordo com repórteres decretando o início do Apocalipse. Melhor continuar dormindo meia hora a mais... Erm, o show tem que continuar, então meu relato prossegue:

Numa das raras vezes que consegui levantar cedo esse mês, eu estava vendo o jornal e me deparei com uma notícia que me deixou... A minha reação eu expresso depois, o fato é que tiraram a obrigatoriedade do diploma de Jornalismo para exercer a profissão. Bom, para justificar uma decisão estapafúrdia, só mesmo uma desculpa mais estapafúrdia ainda: a exigência do diploma feria a liberdade de expressão.


Han?


É, é isso mesmo. Infelizmente para mim (e para todos nós), isso não era o Saturday Night Live – por motivos óbvios – e nem eu estava delirando de sono. Acho que o nosso Judiciário precisa dar uma checada no Aurélio, para rever seus conceitos sobre algumas palavras. “Liberdade” certamente é uma delas; no meu tempo tinha outro significado.

Uma vez, em uma aula de Ensino Religioso (que, de religião, não se aprendia nada), aprendi a sutil diferença entre “liberdade” e “libertinagem”. A partir do momento que um ato livre passa a causar dano a outra pessoa, ou mesmo privar parte da liberdade dessa, a liberdade vira libertinagem. A diferença entre “graffiti” e “pixação” segue a mesma linha.

Para mim, essa decisão foi exatamente isso: transformar a liberdade em libertinagem de expressão. Permitir que pessoas sem a mínima formação tenham direito a serem chamadas de “jornalistas” estende o alcance deles, mas fere a minha liberdade, o meu direito de receber material de qualidade.

A faculdade de Jornalismo não existe à toa. Nos meios de comunicação, precisamos de pessoas que saibam falar ou escrever corretamente, que saibam expressar suas ideias, e que saibam ser imparciais. Precisamos de pessoas com o mínimo preparo, que tenham um nível técnico o suficiente para gerar e apresentar reportagens de qualidade. Perdemos toda essa garantia com a “liberdade”...

Para não-jornalistas já existem os comentários, cartas do leitor, colunas, blogs, Twitter e tantos outros meios de comunicação. Um selo custa 10 centavos, contas de e-mail são na maioria gratuitas, e uma hora na lan house custa menos que uma passagem de ônibus. Ninguém é privado de se expressar: hoje em dia, só não fala quem não quer.
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Postado, originalmente, em 21/06/2009.
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Visitem Gio
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2 comentários:

KBÇAPOETA disse...

Gio:
Respeito sua opnião,no entanto, ser jornalista é saber ver o que está acontecendo. Para isso é preciso conhecimento e, acima de tudo, experiência. Conhecimento não se adquire apenas na escola, mas em livros, filmes, discos e, agora, também através de computador. Experiência, só no dia-a-dia. Ou seja, não é preciso uma faculdade de Jornalismo para se ensinar isso aos jornalistas. É preciso viver, ganhar experiência, porque, por melhores que sejam a faculdade e o aluno, ao começar a trabalhar numa redação, todo jornalista ainda tem muito que aprender.
Dificilmente um cidadão sem diploma de jornalista irá participar de uma redação de jornal,o próprio mercado de trabalho já sepultou essa possibilidade.


Deixo o texto de Mino Carta um dos Gênios do jornalismo ainda vivo editor do semanário mais sério no país que é a revista "Carta Capital"

DIPLOMA EM XEQUE
Mino Carta


"Jornalismo não é ciência, na melhor das hipóteses pode ser arte. Depende do talento inato de quem o pratica, da qualidade das suas leituras. O acima assinado gostaria de acrescentar: da sinceridade das suas crenças e da coerência dos seus compromissos. Mas há muitos profissionais de retumbante sucesso e salários astronômicos que também se distinguem pelo mau caráter. Acreditam em coisa alguma, a não ser neles mesmos.

Cultura adquirida em algum curso universitário não faz mal a ninguém, pelo contrário, bem como a adquirida por conta própria. Cláudio Abramo, um dos melhores jornalistas brasileiros, se não o melhor, era autodidata em tudo e por tudo. Nem curso primário tinha. Tudo o que sabia, e era bastante, aprendera sozinho.

Jovens com talento para a escrita se tornam jornalistas num piscar de olhos na labuta das redações. Para eles, tempo de foca, como se diz na gíria jornalística, dura pouco. Um dos mais notáveis redatores-chefes do New York Times dizia aos seus focas: ‘Redigir uma reportagem é a coisa mais simples do mundo, pensem que estão escrevendo uma carta para a sua mãe, sua namorada, um amigo’.

A melhor escola é o próprio jornal. Por isso, quando o regime militar que infelicitou o País por largos anos inventou as faculdades de comunicação, velhos e honrados profissionais menearam a cabeça. Lamentavam a criação da ditadura e as razões que a precipitavam: a presença pelas calçadas de milhares de excedentes, reprovados nos vestibulares. Moços frustrados soltos por aí representavam transparente perigo para os donos do poder.

A exigência do diploma para exercer a profissão foi o desfecho inescapável da operação. Condenável de saída pelos espíritos democráticos por seu inegável caráter corporativista. O regime fardado se foi, a lei ficou e, a essa altura, é compreensível que os sindicatos dos jornalistas a defendam. Mesmo porque, em inúmeros pontos do mapa nativo, o diploma se torna anteparo à vontade dos coronéis do pedaço, que em lugar de diplomados prefeririam colocar apaniguados.

E lá vem a decisão da 16ª Vara Cível da Justiça Federal em São Paulo, suspendendo a obrigatoriedade do diploma em todo o País. A juíza substituta Carla Abrantkoski Rister sustenta que o Decreto-Lei nº 972/69 contraria a Constituição de 1988. A motivação da decisão liminar coincide em boa parte com a opinião dos profissionais que há mais de 30 anos meneavam a cabeça e com as linhas iniciais deste texto. E tem validade imediata até apreciação posterior.

Como se sabe, a Justiça é lenta e a sentença vagarosamente acabará por alcançar o STF, a quem cabe a palavra final sobre assuntos constitucionais. Até lá, seria altamente recomendável que a sociedade se preparasse para o debate conclusivo, mesmo porque, caso o Supremo confirme a decisão da juíza paulista, deve orientar os legisladores na elaboração de uma emenda constitucional.

De todo modo, o acima assinado insiste: jornalismo não é ciência."

vestivermelho disse...

Escrever bem, passar o que de fato acontece é preciso ter sentimentos e sentimentos não se aprende em faculdades.
Apenas um desabafo de uma sonhadora...rsrs