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quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Um Churrasco e um Atoleiro - por Escrevinhadora

Formavámos um grupo na ginástica. Eu, uma amiga, dois sobrinhos dessa amiga (um rapaz e uma garota) e o professor de ginástica. Um dia fomos convidados por um colega da aula de aeróbica (que não era da nossa turma) pra ir a um churrasco. O churrasco seria num domingo, num sítio nos arredores de São Paulo e o convite era pra que nós fizéssemos uma apresentação de aeróbica (lembram-se daquela época? As fitas de videocassete da Jane Fonda, workout, alto impacto?). Pois bem, a ideia era essa. De imediato, pensamos numa coreografia e resolvemos ensaiar pra fazer bonito no dia do tal churrasco. Logo na primeira tarde de ensaio eu caí de mau jeito sobre o tornozelo e tive uma entorse. Voamos para o hospital mais próximo. Bota de gesso no pé direito e assisti ao restante dos ensaios desolada, sentada no chão, num canto da sala de ginástica. (Mas os outros ensaiaram e a coreografia ficou até bem bacana.)
No dia marcado, nos aboletamos em dois carros (eu, minha amiga e o sobrinho no meu carro; o professor e a sobrinha no carro dela) e lá fomos nós. Tínhamos encontro marcado com a turma do churrasco numa praça no centro da cidade. Só não sabíamos que a polícia e a cia. de trânsito tinham fechado algumas vias do centro pra um evento qualquer. Demos voltas e mais voltas. Chegamos atrasados ao local do encontro. Todo mundo já tinha ido. Alguém, mais diligente, tinha deixado pra nós um mapa. Tosco, mas era um mapa e lá fomos nós tentar segui-lo. Pegamos a Marginal do Tietê, depois a Fernão Dias (a estrada que liga São Paulo a Belo Horizonte). Naquele tempo, uma péssima estrada, pista simples, mal sinalizada, muitas curvas, tráfego pesado. Rodamos por uns 40 minutos e alguém chegou à conclusão que tínhamos passado do ponto marcado no mapa, que não era muito distante da cidade. Era preciso voltar. Eu, com o pé engessado não podia dirigir, então ao volante do meu carro ia o sobrinho da minha amiga, garotão ainda, mas habilitado. Pois bem, o meu motorista fez uma conversão proibida e perigosa bem no meio de uma curva de uma rodovia federal. Gelei no banco do passageiro (era a hora de perceber que algo não ia bem?).
Retornamos ao ponto marcado no mapa, que deveria nos levar ao sítio. Atravessamos o centro de uma cidadezinha, passamos pela periferia, chegamos a uma estrada de terra (detalhe, tinha chovido a semana toda, a estradinha de terra era lama só). Rodamos, rodamos e nada. Nem sítio, nem ninguém a quem perguntar, nem sinal de qualquer dos pontos assinalados no mapa. Estávamos perdidos no meio do nada e só havia uma chance de chegar ao churrasco: seguir em frente. É claro que também já estávamos mortos de fome.
De repente, bem no meio de uma subida enlameada, meu carro dá uma derrapada, desliza para o lado e para, perigosamente equilibrado num barranco, definitivamente atolado: pra frente não podíamos ir, sob pena de cair do barranco; pra trás o carro não obedecia. Desceram todos pela porta do motorista. Eu, com o pé engessado, fui a última a ser resgatada.
Por perto não havia nada, nenhum bar, nem telefone público (o celular ainda não tinha invadido nossa vida), nenhuma casa onde pedir socorro. E a chuva, como que adivinhando nosso sufoco, tinha voltado a cair.
Decidiu-se que eu, inútil com o gesso no pé, deveria voltar no carro com a outra motorista em busca de ajuda. Nós voltamos. Voltamos muito. Mas nada de encontrar alguém, ou o asfalto ou a cidade. Na verdade, acho que também nos perdemos. Nem sabíamos mais onde era o atoleiro onde ficaram nossos amigos. Já estávamos naquele estado em que uma mulher começa a querer chorar. E eis que surge na nossa frente um sujeito conduzindo uma carroça, puxada por um burro. Era o único ser vivo num raio de quilômetros e então foi pra ele mesmo que pedimos ajuda. O homem tinha caído do céu. Conhecia a subida do atoleiro. Disse que era comum os carros atolarem ali. E foi na frente nos guiando.
Um burro tirando um carro do atoleiro é uma ideia muito estranha, mas o fato é que ele conseguiu. Manobrou a carroça de jeito que a traseira dela ficasse alinhada com a traseira do carro, amarrou uma corda, gritou umas ordens para o burro e ufa!!! o carro saiu direitinho do lamaçal, dançando um pouco para os lados, mas intacto.
Sujos de barro, famintos, furiosos e frustrados, resolvemos voltar pra casa. Principalmente porque, assim que escapamos do atoleiro, passaram por nós dois carros com gente que já estava voltando do churrasco. Tinham chegado lá, comido e quando a chuva recomeçou, decidiram voltar com medo de que a estrada ficasse completamente intransitável.
Chegamos em São Paulo já passava de 5 e meia da tarde. Felizmente, em respeito ao sagrado costume paulistano de comer pizza no domingo à noite, a pizzaria do bairro já estava aberta. Compramos três pizzas gigantes e três litros de refrigerante.
Depois de saciados, todos quiseram assinar no meu gesso, pra deixar registrada a data.
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