Querido Brógui:
Sou pretensiosa. Muito. Um poço de pretensão. Trabalho na rede pública de ensino e ainda tenho a pretensão de querer que os alunos libertem-se de parte sua ignorância.
Pois bem, vamos então aprender umas coisinhas acerca da Crise de 1929. É, “acerca” junto, não é “a cerca”, não estou cercando nada. É, crack da Bolsa de Valores, quebra. Não, não é aquela droga que se fuma por aí. Posso começar? Vou explicar o básico do básico. Nada muito profundo, que demande o uso de mais de um neurônio. Demandar? Demandar é exigir. Quer dizer que seu cérebro não vai ficar muito cansado. Deixa o Tico dormir e acorda só o Teco. Posso continuar? Então, presta atenção.
Blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá Alguma dúvida? É facinho, não é?
Agora, vamos fazer um exercício para fixar o conteúdo. Tudo bem? Primeira pergunta: quando aconteceu a Crise de 1929?
Professora, isso tá no caderno?
Se o Querido Brógui fosse audiovisual, eu dramatizaria, mas como vocês me conhecem, então podem imaginar as caretas.
Iniciei os procedimentos de ressuscitação daquela alma.
Coloquei as mãos no peito simulando um enfarte e gritei, em voz dramática: “PÁRA TUDO!!!!”
A turma inteira deu um pulo da cadeira.
Baixei o tom de voz e disse, meigamente, para a criatura: “Meu amor, acho que você não leu a pergunta direito. Em que ano aconteceu a Crise de 1929?”
A turma, tão incrédula quanto eu, olhou para a menina. Alguns também colocaram as mãos no peito, outros na cabeça, um deles teve uma crise de apneia, outra escorregou da cadeira. Isso eles aprenderam direitinho comigo: como fazer palhaçada.
A menina olhou pra mim, com cara de ponto de interrogação.
1910?
Dei outro grito, me contorci como se tivesse tendo uma convulsão.
Repeti num tom de voz choroso: “Minha flor de formosura, vou perguntar de novo, bem devagar: em que ano aconteceu a Crise de 1929?”
1930?
A comoção foi geral. Parecia final de campeonato, quando todo mundo fica estressado querendo entrar em campo para fazer o gol da vitória.
Perdi a linha, peguei o meu chaveiro de cachorrinho, parti pra ignorância e o arremessei na menina. Errei. A aluna que estava sentada ao seu lado começou a socar a mesa enquanto os outros urravam desesperados: “CRISE DE 1929! 1929! 1929!”
Num último sopro de resistência, perguntei, desesperada: “EM QUE ANO ACONTECEU A CRISE DE 1929?”
1929?
A turma explodiu em aplausos (tá pensando que só eu sou debochada?). Abracei e beijei a menina, comovida. Puxei até um corinho com o nome dela.
E neguinho ainda acha que a piada do cavalo branco de Napoleão é apenas uma piada…
Sou pretensiosa. Muito. Um poço de pretensão. Trabalho na rede pública de ensino e ainda tenho a pretensão de querer que os alunos libertem-se de parte sua ignorância.
Pois bem, vamos então aprender umas coisinhas acerca da Crise de 1929. É, “acerca” junto, não é “a cerca”, não estou cercando nada. É, crack da Bolsa de Valores, quebra. Não, não é aquela droga que se fuma por aí. Posso começar? Vou explicar o básico do básico. Nada muito profundo, que demande o uso de mais de um neurônio. Demandar? Demandar é exigir. Quer dizer que seu cérebro não vai ficar muito cansado. Deixa o Tico dormir e acorda só o Teco. Posso continuar? Então, presta atenção.
Blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá Alguma dúvida? É facinho, não é?
Agora, vamos fazer um exercício para fixar o conteúdo. Tudo bem? Primeira pergunta: quando aconteceu a Crise de 1929?
Professora, isso tá no caderno?
Se o Querido Brógui fosse audiovisual, eu dramatizaria, mas como vocês me conhecem, então podem imaginar as caretas.
Iniciei os procedimentos de ressuscitação daquela alma.
Coloquei as mãos no peito simulando um enfarte e gritei, em voz dramática: “PÁRA TUDO!!!!”
A turma inteira deu um pulo da cadeira.
Baixei o tom de voz e disse, meigamente, para a criatura: “Meu amor, acho que você não leu a pergunta direito. Em que ano aconteceu a Crise de 1929?”
A turma, tão incrédula quanto eu, olhou para a menina. Alguns também colocaram as mãos no peito, outros na cabeça, um deles teve uma crise de apneia, outra escorregou da cadeira. Isso eles aprenderam direitinho comigo: como fazer palhaçada.
A menina olhou pra mim, com cara de ponto de interrogação.
1910?
Dei outro grito, me contorci como se tivesse tendo uma convulsão.
Repeti num tom de voz choroso: “Minha flor de formosura, vou perguntar de novo, bem devagar: em que ano aconteceu a Crise de 1929?”
1930?
A comoção foi geral. Parecia final de campeonato, quando todo mundo fica estressado querendo entrar em campo para fazer o gol da vitória.
Perdi a linha, peguei o meu chaveiro de cachorrinho, parti pra ignorância e o arremessei na menina. Errei. A aluna que estava sentada ao seu lado começou a socar a mesa enquanto os outros urravam desesperados: “CRISE DE 1929! 1929! 1929!”
Num último sopro de resistência, perguntei, desesperada: “EM QUE ANO ACONTECEU A CRISE DE 1929?”
1929?
A turma explodiu em aplausos (tá pensando que só eu sou debochada?). Abracei e beijei a menina, comovida. Puxei até um corinho com o nome dela.
E neguinho ainda acha que a piada do cavalo branco de Napoleão é apenas uma piada…
Visitem Fatinha
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Um comentário:
Fatinha:
hauhauahauahauah
Demais!
Fiquei com pena da criaturinha, mas foi hilário!
Beijo!
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