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sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A Professora - por Adir Vieira

Essa noite sinto que sonhei. O estranho é que me lembrei do sonho, o que normalmente não acontece.
Não foi um sonho agradável e buscando razões para tê-lo sonhado, não as encontro.
Imaginem vocês que eu era ainda uma menina, de mais ou menos uns oito anos e me encontrava na sala de aula de uma escola pobre, daquelas que ficam em centro de terreno e todo o pátio ao redor é de terra batida.
Árvores imensas rodeiam o local e vejo que não são árvores frutíferas nem, tampouco, floridas. Galhos, muitos galhos verdes, muito verdes e firmes. Os troncos são da largura de um homem alto e forte e de um marrom que seria difícil qualquer pintor chegar ao tom.
Dentro da sala de aula, carteiras antigas, como no meu tempo de escola - aquelas que têm um fundo para a guarda dos objetos e têm acopladas em si a cadeira. São carteiras novas, sem sequer um arranhão e brilham como se tivessem sido há pouco enceradas.
Ocupo a terceira fileira e lá na frente uma mesa imensa, cujos pés são troncos de árvores, dispõe em cima uma pilha de livros igualmente grossos. São dicionários e livros de história geral.
A professora, uma senhorinha miúda, de óculos e cabelos amarrados em coque, é austera, como para convencer a todos os alunos que ali não estamos para brincadeiras.
Traz nas mãos uma régua comprida e a cada virada que os alunos dão na carteira, a agita na sua direção pedindo silêncio.
Ninguém ousa um movimento enquanto ela fala com sua voz rouca e seca.
Uma das meninas do meu lado se inquieta e começa a rir, não sei porquê. A professora que estava escrevendo no quadro-negro se volta para a turma e severamente atribui a mim a desordem, me fazendo levantar e ir ao seu encontro sob o olhar piedoso dos demais. Obriga-me a ficar de pé, com o rosto voltado para a parede, até a aula terminar.
Enquanto ali estou, fico ruminando uma raiva crescente e, num dado momento, saio correndo e fico no pátio, dando voltas e mais voltas em torno de uma das árvores.
Não sei o que isso significa, mais acordei ainda com aquela sensação de dissabor e bastante ofegante. Não foi à toa que lembrei do sonho. UFA!
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Um comentário:

Ana disse...

Isso não é sonho, é pesadelo...
Beijos.