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sábado, 29 de agosto de 2009

Na Sala de Espera de um Consultório Médico - por Adir Vieira

Estou na sala de espera de um consultório dentário.
Aqui um grupo de profissionais dessa área atende em salas separadas e, por isso, o local relativamente grande para acomodar os pacientes das cinco salas está verdadeiramente apinhado.
Num balcão ao fundo, três recepcionistas recebem os que chegam confirmando a marcação das consultas e solicitando que aguardem. Já ali somos obrigados a esperar a vez, visto que, simultaneamente, consultas também são reservadas pelo telefone, o que impede que qualquer uma delas seja solícita de pronto.
No banco comprido à minha frente, um senhor, aparentando quase oitenta anos, ressona sem se importar com a plateia que olha e ri a cada tombada de cabeça que seu sono tranquilo causa. A senhora ao seu lado parece ser sua esposa e com certeza tem uns dez anos a menos do que ele. Ela vê tudo e nada faz, preocupada que está em manter seguro na face o lenço quadriculado em tons marrons com que protege a própria boca.
Procuro manter a calma – odeio dentistas e porque não dizer toda a turma de jaleco branco –, mas lá já se vão vinte minutos do horário para mim marcado e torço para que não seja a velhinha paciente do meu dentista.
Próximas aos dois, duas meninas de aproximadamente quatro anos brincam com uma “bola de encher”, jogando-a uma para a outra e logo se cansam dessa brincadeira e inventam outra totalmente imprópria para aquele pequeno espaço, agora ainda mais cheio, comportando grande parte das pessoas em pé.
Elas arquitetam um jogo de queimada diferente, onde uma corre em volta da outra que, parada e de posse da bola, tenta acertá-la a cada jogada na menina que corre e que, pela própria brincadeira, vai ganhando velocidade a cada corrida.
De repente, como se tivesse sido ensaiado, as pessoas próximas soltam uma gargalhada em uníssono, ao grito de “puta que o pariu” do senhor que foi violentamente despertado com a pisada e o esbarrão da menina que corria.



Visitem Adir Vieira
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2 comentários:

vestivermelho disse...

bom vir ler....ronicas então e bom né...


matando a saudade,,,,

deixo algo...


AUTOPSICOGRAFIA
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.

Fernando Pessoa

vestivermelho

Ana disse...

Adorei esta crônica! O final foi muito legal!
Beijos!