Bernard Schlitzingel Von Altrophten nunca aceitou que fosse popularizado um apelido sequer sobre o seu nome. Nem sobre sua pessoa, diga-se de passagem. Sujeito de manias e costumes estritamente aprovados pelo Estado Austríaco, no qual ele aliás cria e admirava.
Por força de uma ou outra ocasião de vida se exaltava, mas em geral permanecia quase que sempre com uma cara fechada, carrancuda, com olhar de mau e pose de quem está sempre prestes a pular no seu pescoço. O temperamento era facilmente descrito como irritadiço e impaciente. Em suma, senhores, Bernard Schlitzingel Von Altrophten nunca nos faria uma visita aqui no Duelos.
Nem fazia visita a ninguém. Contentava-se com sua garrafa de uísque mais que reprimida na poltrona solitária de sua sala. E é lá que está ele agora.
Com uma roupa de gala, sua seriedade intacta, vivendo seu grande momento.
Ele já consegue visualizar, entre um gole e outro, seu filho admitindo o quanto sua educação e disciplina foram importantes, sua mulher a lhe implorar perdão pelo desquite, enquanto ele gentilmente a conforta, demonstrando toda sua honra.
Sua filha então se debulha em lágrimas, confessando que efetivamente pecara antes do casamento, e admitindo que ele realmente era um sujeito astuto, e que descobrira toda a farsa encenada entre ela e o então namorado, que agora encontram-se obrigatoriamente casados.
Tudo isso enquanto ele concede uma entrevista a um jornalista famoso, que sempre faz as perguntas certas, às quais ele responde sempre muito bem, e com muita eloquência, acerca de sua vida honrada e magnífica.
Enfim, 10 da noite. Bernard Schlitzingel Von Altrophten observa o relógio e constata que está enfim na hora da ceia de Natal, e percebe o quanto estivera distante, em um sonho. Em um sonho muito melhor que a realidade. Então, liga avisando ao filho que não irá, que está cansado e na hora de dormir. Como eu disse, ele não visita ninguém. Mas todos vão lá todas as noites prestar seu tributo a ele.
Por força de uma ou outra ocasião de vida se exaltava, mas em geral permanecia quase que sempre com uma cara fechada, carrancuda, com olhar de mau e pose de quem está sempre prestes a pular no seu pescoço. O temperamento era facilmente descrito como irritadiço e impaciente. Em suma, senhores, Bernard Schlitzingel Von Altrophten nunca nos faria uma visita aqui no Duelos.
Nem fazia visita a ninguém. Contentava-se com sua garrafa de uísque mais que reprimida na poltrona solitária de sua sala. E é lá que está ele agora.
Com uma roupa de gala, sua seriedade intacta, vivendo seu grande momento.
Ele já consegue visualizar, entre um gole e outro, seu filho admitindo o quanto sua educação e disciplina foram importantes, sua mulher a lhe implorar perdão pelo desquite, enquanto ele gentilmente a conforta, demonstrando toda sua honra.
Sua filha então se debulha em lágrimas, confessando que efetivamente pecara antes do casamento, e admitindo que ele realmente era um sujeito astuto, e que descobrira toda a farsa encenada entre ela e o então namorado, que agora encontram-se obrigatoriamente casados.
Tudo isso enquanto ele concede uma entrevista a um jornalista famoso, que sempre faz as perguntas certas, às quais ele responde sempre muito bem, e com muita eloquência, acerca de sua vida honrada e magnífica.
Enfim, 10 da noite. Bernard Schlitzingel Von Altrophten observa o relógio e constata que está enfim na hora da ceia de Natal, e percebe o quanto estivera distante, em um sonho. Em um sonho muito melhor que a realidade. Então, liga avisando ao filho que não irá, que está cansado e na hora de dormir. Como eu disse, ele não visita ninguém. Mas todos vão lá todas as noites prestar seu tributo a ele.
Visitem Luiz de Almeida Neto
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Um comentário:
Gostei, Luiz, gostei muito!
Um abraço.
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