pra que entregar-se, assim, à minha desilusão?
Eu não sei morrer de amor, vivo de minha poesia,
e se, na estrada da vida, me entrego a qualquer prisão?
Ainda é tempo, foge que sou vazia.
Se não abraço a alegria, tudo em mim é solidão.
Só sinto cansaço imenso, sinto a boca muito fria,
já não guardo fantasias, guardo apenas maldição.
Ainda é tempo, amor, que nada tenho.
Se de velhos mundos venho, só me entrego à escuridão.
Se nas estradas da vida, em nenhuma delas me empenho,
onde buscar a magia pra entregar à tua mão?
Ainda há tempo, foge de um rumo incerto.
Meu sono é um constante deserto de invalidez e de mar.
Sou apenas um navio que não tem o rumo certo
e, que em mares tão diversos, vai, sem forças, se entregar.
Foge, amor, foge que nunca é tarde.
Aqui dentro o peito arde, mas pouco tenho pra dar.
Sinto apenas muito frio, uma fome que causa alarde.
Foge, que ainda há tempo.
Foge do meu olhar.
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Visitem Marília Abduani
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Um comentário:
Marília, você merece mesmo uma categoria destacada! Fui ao seu blog no Mural e li poesias BELÍSSIMAS!
Muito legal vocês estar aqui!
Beijos!
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