Há algumas semanas atrás, vimos níveis de violência crescentes com várias mortes no trânsito na cidade do Rio de Janeiro. Transporte escolar irregular com motorista demonstrando dificuldades para realizar seu trabalho e acontece um acidente com vários mortos e feridos em estado grave, por provável imprudência. Uma estudante de doze anos que tenta embarcar num ônibus comum e fica presa depois que o condutor do veículo arranca, acaba morrendo debaixo da roda traseira e quando o motorista percebe entra em crise e é hospitalizado.
Esses acontecimentos mexem com a emoção de todos nós que pensamos que poderíamos estar passando pelo que estão sofrendo esses pais que perderam seus filhos. E parece tão absurdo que essas coisas aconteçam! Muitos se revoltam, outros se deprimem, outros ainda se afastam das notícias na tentativa de fugir dessa dura realidade, talvez para se protegerem, já que a vida continua e as pessoas vão prosseguir trabalhando e precisando deixar seus filhos com outras pessoas em escolas, creches e transportes.
Seria fácil encontrar culpados e descarregar a raiva nessas pessoas; exigindo que respondam pela imprudência e sejam condenadas.
Mas isso é apenas uma parte do problema que se chama a hegemonia da impunidade. Acontece em vários segmentos da sociedade e já há grande mobilização para reverter este quadro.
Entretanto, essa visão maniqueísta é simples demais para algo que é muito mais complexo. Na verdade, a maioria das pessoas, hoje, trabalha no limite da irresponsabilidade, aguentando cada vez mais pressão por parte dos empregadores que alegam estarem pressionados também por dificuldades de várias ordens, vinculadas à crise econômica atual. Isso é real, mas não justifica e é usado como desculpa cada vez mais em nosso meio.
O fato é que tudo está correndo rápido demais, o nível de estresse é cada vez maior, com maiores exigências para todos.
Dessa forma, é fundamental que cada um de nós fique atento para determinar até que ponto poderá ceder às pressões. É necessário saber quando dizer que já chega e que a partir daí não dá pra continuar. Não se pode simplesmente contar com a sorte, imaginando que não vai acontecer nada. Todos os dias assistimos nas ruas, no trabalho, nas nossas próprias casas a situações de risco que se tornaram rotineiras e, ao invés de exigirmos que as falhas sejam corrigidas para que possamos viver com um mínimo de normalidade, estamos nos acostumando a estar cada vez mais no limite, vivendo perigosamente, na corda bamba.
A resposta para lidar com as crises que se apresentam a cada dia é aumentar a nossa atenção, é ter nossa consciência cada vez mais aguçada e desenvolver a responsabilidade por nossas escolhas de cada momento. Trazer a responsabilidade para si mesmo é a única saída, até porque, quando o pior acontece ficamos mesmo sozinhos, somos nós com a nossa consciência. E aí, não há consolo que conforte.
Visitem Alba Vieira
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Um comentário:
Dizer o quê?...
Este é o mundo em que vivemos, este é o mundo que fazemos, nisto tornamos o mundo...
Temos que conviver com absurdos diários...
Fazer o quê?
Só me resta mandar beijos pra você!
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