Quando me dei conta, já estava chorando compulsivamente.
Algum dos irmãos falou na retirada dos ossos e aí foi que me dei conta da sua morte real.
A cirurgia de risco do meu marido, uma semana depois da sua morte e tudo o que advém de uma situação como essa, não me deixou viver o doloroso momento de sua partida e durante esses quase três anos amorteci minha saudade, tentando ver o fato como natural.
Não quero dizer que várias vezes não me peguei derramando lágrimas emocionada, lembrando dos fatos mais sutis que compuseram nossa vida, mas ontem foi bem diferente.
Em alguns poucos minutos, revivi sua ida derradeira, numa maca de ambulância, revi seus olhinhos espertos a nos olhar, tentando entender o que ocorria ou tentando nos explicar que não voltava mais?
Como num passe de mágica, relembrei os cuidados, os ensinamentos, os incentivos e até mesmo os puxões de orelha, quando merecíamos.
Observei a minha volta e visualizei o patrimônio que deixou – uma família unida, completamente comprometida com suas diretrizes – como ela sempre desejou. Porque, como mãe, ninguém sentiu ou soube mais do que ela. Não cursou nenhuma faculdade, mas era PhD nesse mister e nas lições de vida.
Desde a sua morte, inconscientemente, a elegi minha santa devota, colocando sua foto no pequeno altar, junto aos demais, mas hoje, especialmente hoje, nesse choro compulsivo, sofrido, atrasado, vindo do âmago, como a pedir socorro para se externar, entendi exatamente o porquê dela ter ocupado o lugar de Deus na minha vida.
Visitem Adir Vieira
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2 comentários:
Muito tocante, muito bonito e profundo.
Beijo.
OBRIGADA, ANA, PELO SEU COMENTÁRIO SEMPRE GENEROSO.
BJS,
ADIR
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