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(Aviso: Os textos em amarelo pertencem à categoria
Eróticos.)




quinta-feira, 4 de junho de 2009

A Roseira e o Formigueiro - por vestivermelho e ZzipperR

Você acha que trabalha demais? Então olhe os pássaros, as abelhas e as formigas.
Essa história poderia acontecer em qualquer cidade do mundo, poderia estar acontecendo na sua cidade, no seu quintal, mas aconteceu em Atibaia, uma cidade no interior de São Paulo.
Nós estudávamos na mesma escola e desde que nos conhecemos, ficávamos sempre juntos, como dois namorados, mas éramos muito crianças para namorar, assim namorávamos escondidos na praça.
Certo dia, nós chegamos à praça correndo até o banco. Esse dia não sai da minha memória... Ela estava com seu vestidinho branco, eu sentei no banco e ela deitou, acomodando a sua cabeça em minha perna. Eu ainda a amo.
Eu falava de super-heróis e ela ouvia, com atenção, as histórias lindas do super-herói Ziperman; assim ela flutuava nas histórias, sempre acrescentando emoções vindas do inconsciente e inesperado, que fluía do imaginário dela; até o momento em que ela começou a falar das rosas, comentando sobre os diferentes tons e cores. De repente ela levantou e falou:
- As formigas estão destruindo as roseiras.
Levantamos e fomos investigar de perto e eu falei:
- Calma, Indiana! As formigas não iriam destruir as roseiras. Vamos segui-las. Como elas são inteligentes, umas cortam e as outras recolhem carregando num sincronismo organizado e, por onde elas passam, fica marcado o caminho como uma trilha e todas passam dividindo esse caminho num só objetivo, a continuidade da espécie.
- Nós também marcamos o nosso caminho, caminhando lentamente em nossos passos, mas sempre disputando os espaços e às vezes até tirando pessoas do nosso caminho. Nós temos muito a aprender com as formigas.
- Vem, Índio! Olha uma enorme fila.
Ela apontou para aquela trilha de formigas enfileiradas. Deitamos olhando as formigas de perto e Indiana falou:
- Olha, Índio! Elas estão carregando folhas, flores e galhinhos, subindo e descendo caminhando juntas, uma atrás da outra. Aiaiaiaiai! Uma me mordeu.
Não conseguimos ver o final da trilha, somente o começo. A roseira era linda, carregada de folhas verdinhas e rosas de um vermelho forte.
- O que vamos fazer, Índio? Matá-las? Desviar a trilha para outro lado?
Indiana ficou esperando a resposta dele e observando o que ele ia fazer.
Índio pegou na grande folha que uma formiga estava carregando e levantou.
Incrível! Ela não solta a folha. Colocou-a na palma da mão e ela continuou com a folha, entregue ao destino e focada na sua função dentro do formigueiro, pois o grupo necessita do empenho de cada uma para sobreviver.
Ela caminha na minha mão, como eu caminho na mão da vida. Eu agacho e mostro para Indiana a linda formiga saúva, vermelha como fogo e com uma força surpreendente, tão surpreendente que destrói a roseira, que não se importa de oferecer a elas as suas folhas, parece até que vivem uma para a outra num círculo da vida.
Indiana pega a formiga da minha mão com cuidado para não machucar e coloca de novo na trilha com tanto carinho que a formiga parece agradecer e continua caminhando rumo ao seu destino, que é o buraco do formigueiro.
Nós corremos e ficamos admirados com os tamanhos das folhas que elas carregam e levam para dentro do buraco. Dava até vontade de ajudar e ali ficamos horas na companhia delas.
A noite chegou e as formigas continuavam trabalhando sem parar um momento, então decidimos ir embora e voltar no outro dia para ver de novo.
Ao chegar, no dia seguinte, nós tivemos uma surpresa: o formigueiro estava doido, parecia estar em festa e a praça estava forrada de formigas
Do buraco saíam grandes formigas com uma bunda imensa, que batiam suas asas fazendo um barulho lindo e depois levantavam voo sumindo no céu em busca de um destino indefinido, entregues à sorte, para em outro lugar dar origem a um novo formigueiro e nós curtíamos cada decolagem das formigas com emoção, desejando sorte a elas.
Os dias passaram e voltamos à praça. Eu sentei no banco como era de costume e Indiana deitou com a cabeça apoiada na minha perna. Enquanto eu contava uma história, ela falou:
- A roseira está cheia de folhas novamente, esperando as formigas, como se nada tivesse acontecido e nós também continuamos no nosso banco da praça namorando, esperando as flores que, com certeza, a roseira vai dar para nós, enfeitando o nosso amor.
- Olha, Índio! Já tem botões de rosa.
- Elas serão vermelhinhas, perfumadas e cheias de amor, igual a você.
Assim, Indiana e Índio continuaram na praça. Índio contando histórias e ela deitada com a cabeça apoiada em sua perna, sonhando com as histórias dele até hoje.



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Um comentário:

Ana disse...

Muito legal, vesti! Muito legal, ZziperR!
Adorei!
Beijos a vocês!