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terça-feira, 16 de junho de 2009

Eu Vi Hair de Novo - por Fatinha

Querido Brógui:

Não vi Tropa de Elite, mas vi Hair pela zilionésima vez. Você sabe que esse é O filme para mim. Quando o vi pela primeira vez, no cinema lá do Largo do Machado, fiquei encantada, saí flutuando do cinema. Encanto-me até hoje, cada vez como se fosse a primeira.
Quando assisto Hair, entendo perfeitamente as crianças que ouvem a mesma estorinha uma vez atrás da outra e se empolgam com ela todas as vezes, mesmo sabendo o início, o meio e o fim. Nem tente pular um pedaço pra acabar mais rápido. A criança sabe a estória e ela não vai permitir que você a mutile só porque está com pressa ou de saco cheio. O mesmo se diga quando descobrem a leitura e se agarram naquelas mesmas letras uma vez após a outra, decorando cada pedacinho e amando isso. Uma boa estorinha é uma boa estorinha e nunca tem gosto de comida requentada.
Por que Hair é O filme? Porque me dá uma ideia utópica de um mundo onde os jovens são rebeldes, mas não andam por aí rosnando como cachorros raivosos. A rebeldia se faz com flores, música, dança, paz, amor. Uma ideia que atendeu a um propósito. Não sei onde estão os sonhadores de hoje, que não conseguem encantar mais ninguém. Existe alguém ainda capaz de criar um movimento pacifista, fazer uma Marcha, greve de fome, resistir pacificamente?
Não, não vou queimar minha carteira de identidade, largar meu emprego e ir morar em Sana. Não vou parar de me depilar, deixar o cabelo do jeito que ele quer ficar e começar a me drogar. Não é nada disso. Sou caretona demais, enquadrada demais, completamente dominada pelas regras. Talvez por isso que o filme me encante tanto. Não tem nada a ver comigo e ao mesmo tempo tem tudo a ver comigo. A ideia de viver sem estar neurotizada com violência, com futuro incerto, com acumular bens materiais, com não ter saída, com não ter ponto de partida, é sedutora. Queria viver de bem com o mundo, de bem com meu próximo, de bem comigo, com meu corpo, com meu espírito. Queria acordar de manhã cantando para a luz do sol, fazer uma viagem de carro com meus amigos, dormir no gramado, tomar banho de rio e pronto.
Mas sem final triste.



Visitem Fatinha
Milos Forman.

2 comentários:

escrevinhadora disse...

Assisti, revi, voltei a ver nem sei quantas vezes "Jesus Cristo Superstar" de 1973. Também me senti assim, uma revolucionária paz e amor, sonhando em viver de bem com o mundo.

Ana disse...

Bem, Fatinha, você já deve ter lido como o seu post me inspirou, não é?
Hair é um dos filmes de minha vida. Hair o máximo!!! rsrs
Obrigada por me lembrar e me fazer revê-lo.
Beijos!