Ele acordou no meio da noite incerto de qualquer verdade, foi ao banheiro e fez a barba como quisesse desfazer o peso em sua face. Não, não era possível lançar fora a personalidade raspando com uma gilete. Pensou em tomar um trago, mas nem todo o alcalóide do mundo dissimula a gravidade da vida.
- Verdade imutável número um: existir é um exercício tortuoso mesmo quando se está bêbado.
Se carregasse algo de profundo provavelmente escreveria um poema. Sorte escura, verdade hedionda. Ele não sabia como sentir ou pensar. Pôs-se então a caminhar na rua sem vontade ou esperança, era um andado maquinal, o cão do viúvo cruzou seu caminho num trote oblíquo: “Meu Deus como invejo esse cachorro.”. Se tivesse a memória de um Proust, nessa hora opaca poderia recordar um dia qualquer da infância, fechando os olhos tornaria a sentir o cheiro dos verdes anos. Mas não, ele não era tão meticuloso assim. Ao contrário muito modesto, e um acesso descente de nostalgia necessita algum refinamento. Seria melhor pensar em outra coisa...
Não sabia;
Não queria;
Não podia;
O instante de sonho foi perdido, a suave infância no escuro da lembrança pra sempre jaz. Ele acordou no meio da noite buscando construir um mundo novo. Mas quando olhou no espelho viu suas mãos amputadas.
- Verdade imutável número um: existir é um exercício tortuoso mesmo quando se está bêbado.
Se carregasse algo de profundo provavelmente escreveria um poema. Sorte escura, verdade hedionda. Ele não sabia como sentir ou pensar. Pôs-se então a caminhar na rua sem vontade ou esperança, era um andado maquinal, o cão do viúvo cruzou seu caminho num trote oblíquo: “Meu Deus como invejo esse cachorro.”. Se tivesse a memória de um Proust, nessa hora opaca poderia recordar um dia qualquer da infância, fechando os olhos tornaria a sentir o cheiro dos verdes anos. Mas não, ele não era tão meticuloso assim. Ao contrário muito modesto, e um acesso descente de nostalgia necessita algum refinamento. Seria melhor pensar em outra coisa...
Não sabia;
Não queria;
Não podia;
O instante de sonho foi perdido, a suave infância no escuro da lembrança pra sempre jaz. Ele acordou no meio da noite buscando construir um mundo novo. Mas quando olhou no espelho viu suas mãos amputadas.
4 comentários:
Chocante, Leandro!
Gostei.
Valeu Ana, tem material novo aí. Beijo
Oba! Oba!
Beijo!
Bem-vindo, Leandro!
12 de Maio de 2009 17:09
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