Misturar. Esta ideia me veio de súbito. Parte de um com parte do outro: coisa nova que surge. Comunhão. Talvez. Tão clara em mim esta sensação hoje.
Fazemos parte de um todo que depende de cada um de nós. A vibração do mundo que é formada pelas emanações de cada um de nós. A responsabilidade que há nisto, em cada ato nosso, em cada pensamento. Olhar para os outros com o amor e a consideração que devemos dispensar a nós mesmos. Gosto de misturas, do resultado das combinações em tudo. Mas mistura de partes que têm algo em comum, que podem compartilhar, que são abertas para permitir entrar no outro e serem invadidas, diferente de água e óleo.
Óleo me lembra tela que me traz tintas. Vejo a tela branca e as tintas coloridas que vão sendo colocadas no branco, que dançam levadas pelo pincel e se juntam às cores de outras e explodem em tons novos, multicoloridos. É vida nova despontando.
Os cheiros que se combinam, das peles que se tocam e se modificam pela delícia do contato, exalando perfumes que se misturam e impressionam olfatos de novas formas tão particulares, com mudanças às vezes tão sutis, mas que marcam e tocam uma profundidade tão imensa e especial.
Meus sentidos se assanham com as cores e penso que assim é com todo mundo: primeiro os olhos, mas as coisas têm cheiro e gosto e textura também. Um prato cheio de cores é recebido pela língua de forma totalmente diversa da comida monocromática. Gosto de ter todas as cores que puder no mesmo prato e ir provando cada uma delas, sentindo a temperatura da cor, o gosto da comida, me sentindo arrepiar toda pelas cores ácidas ou picantes e me deixando amansar pelas cores doces. E sentir, ao mesmo tempo, mais de uma cor na mesma parte da língua é especial. É certeza de novo sabor, nova vida que se percebe, é mais uma parte de mim que se aguça.
Texto cujos título e início foram utilizados para Sensações - As Nossas Histórias IX.
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Um comentário:
Concordo plenamente. Adoro misturas. E festas dos sentidos.
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