Tenho pensado em escrever reflexões sobre a vida. Escrever como alguém que vive observando e procurando apreender o máximo de cada experiência, podendo assim dividir isso com outras pessoas.
Penso em funcionar como uma mensageira, alguém que deseja expor seus pensamentos, sua forma de encarar a vida hoje. E essa forma tem sempre evoluído. Acho que essa evolução, fruto de um aprendizado, se for comunicada, pode estimular uma transformação em outras pessoas.
As experiências, em si, podem ser interessantes ou não. Mas o interessante mesmo é exercitar formas diversas de senti-las. Porque cada pessoa encara um mesmo acontecimento de diferentes maneiras e uma mesma pessoa, em momentos diferentes da sua vida, é tocada de um jeito diverso pelo mesmo acontecimento.
Nós mudamos sempre. Mesmo aquele que se julga o mais estável dos indivíduos experimenta transformações. A mudança é a única coisa que é certa na vida de cada um de nós. E ainda que as transformações sejam apenas interiores, qualquer observador mais interessado poderá captá-las.
Gosto de quem escreve de uma forma densa, capaz de tocar profundamente os seus leitores. Sei que quando escrevemos nos expomos, em primeiro lugar, para nós mesmos. Então quando escrevo, prefiro ficar solta, a caneta no papel sem qualquer objetivo de comunicar alguma coisa. Simplesmente as orações vão-se formando sobre a folha em branco e comunicando para mim mesma o que meu Eu profundo deseja me dizer.
Eu escrevo da mesma forma que pinto meus quadros. Quando começo não sei o que vou pintar. A tela vai sendo manchada pelas tintas e, aos poucos, vai ganhando vida, me falando algo, me emocionando e, de repente, já tem vida própria. Mas, esse momento em que a pintura toma vida é inusitado. Vem de um toque do pincel, algum traço que amarra os demais e põe movimento naquela energia que estava estagnada. Antes desse momento não se consegue a satisfação. É o orgasmo das cores, é uma vibração que surge do nada, embora antes tenham participado, para a sua aparição, vários movimentos do artista.
Assim também ocorre no amor. Os amantes participam, movimentam-se, se encontram, se procuram, se percebem, gostam, captam um ao outro, mergulham fundo um no outro e, de súbito, uma explosão. É o êxtase, uma vibração que parece brotar não se sabe de onde, que não tem a ver só com a evolução dos movimentos, que é a energia liberada do coração de ambos, energia que interage, que ao transbordar dá o colorido final, que conclui tudo, que se sobrepõe a tudo, que é autogerada e que é o todo, o tao.
Eu quero comunicar, mas acho que se escrevo para me fazer entender por todos, não escrevo o que realmente desejo. Porque o que eu desejo é não escrever o pensamento ordenado. Eu, de fato, quero escrever o “não escrever” que, sei, tem a possibilidade de drenar o que há de mais verdadeiro em mim.
O que sai assim, sem a intenção de ser mostrado, traduz a nossa mais pura verdade. E deixar germinar essa semente já é um objetivo grandioso, capaz de provocar alguma reação nos possíveis leitores.
Visitem Alba Vieira
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Um comentário:
Olá Alba!
Linda reflexão sobre a sua vida.
Gostei muito e vou visitar teu blog.
Bjs
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